quarta-feira, 11 de março de 2009

Para delegados da PF, Veja agiu com interesse político

Em nota divulgada nesta terça-feira (10), a ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) condena a violação de segredo de Justiça após a publicação de reportagem da revista "Veja" nesta semana, que acusa o delegado da PF Protógenes Queiroz de ter espionado ilegalmente autoridades dos três Poderes.

"A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal manifesta sua irresignação com a informação de que jornalistas da revista 'Veja' tiveram acesso ao suposto conteúdo de material apreendido em investigação da Polícia Federal sobre os procedimentos do delegado de Polícia Federal Protógenes Queiroz a frente da Operação Satiagraha", diz a nota.

Segundo os delegados, "é preciso ser exemplar, quando se quer cobrar respeito ao Estado Democrático de Direito. Isso não é possível com a violação de uma investigação que tramita em segredo de Justiça".

Entre os alvos de Protógenes, segundo a revista, estariam os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), o ex-ministro José Dirceu, o governador José Serra (São Paulo), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, e o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Fábio Luiz da Silva.

De acordo com a reportagem, a PF teria descoberto no computador pessoal e pen drive de Protógenes informações sobre investigações ilegais cometidas pelo delegado. A revista diz que entre os documentos encontrados na casa de Protógenes há relatórios que levantam suspeitas sobre atividades de ministros do governo, fotos comprometedoras que foram usadas para intimidar autoridades e gravações ilegais de conversas de jornalistas.

Ontem, Protógenes rebateu em post publicado em seu blog a reportagem da revista. Ele diz que as informações contidas na reportagem são "mentirosas". O delegado negou que tivesse investigado Dilma ou outros políticos citados na reportagem da revista "Veja" durante a Operação Satiagraha.

"Os dados cobertos pelo sigilo, coletados com autorização judicial e de conhecimento do Ministério Público Federal, em nenhum momento incluiu ou revelou a participação da ministra Dilma Rousseff, do ex-ministro José Dirceu, do chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, do senador Heráclito Fortes [DEM-PI], do senador ACM Jr. [DEM-BA], do ministro Roberto Mangabeira Unger na investigação da Satiagraha", diz ele no blog.

Leia a íntegra da nota da associação:

"A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal - ADPF manifesta sua irresignação com a informação de que jornalistas da revista 'Veja' tiveram acesso ao suposto conteúdo de material apreendido em investigação da Polícia Federal sobre os procedimentos do delegado de Polícia Federal Protógenes Queiroz a frente da Operação Satiagraha.

É preciso ser exemplar, quando se quer cobrar respeito ao Estado Democrático de Direito. Isso não é possível com a violação de uma investigação que tramita em segredo de Justiça.

Assim como não é compatível com acusações de escutas clandestinas baseadas em ilações e conjecturas sem apresentação de qualquer áudio ou outra prova material dos noticiados grampos telefônicos.

Não é aceitável que segmentos da mídia nacional se esforcem tanto em apurar os procedimentos do delegado de Polícia Federal Protógenes Queiroz sem dedicar, ao menos, igual esforço para a apuração dos fatos principais da Operação Satiagraha envolvendo o empresário Daniel Dantas.

Essa movimentação jornalística coincide com a apresentação do relatório da CPI das Escutas com o claro objetivo de forçar uma prorrogação e de indiciamentos até então não propostos.

Por fim, os delegados de Polícia Federal reafirmam seu compromisso com a necessidade de investigação de tudo e de todos os envolvidos na Operação Satiagraha, inclusive, se for o caso de prorrogação da CPI das Escutas, da autoria de mais essa violação de segredo de Justiça."


http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=52141

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