quarta-feira, 11 de março de 2009

Perdeu o respeito:Aécio contesta FHC e defende campanha por prévias


BELO HORIZONTE - O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), rebateu ontem as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à campanha capitaneada por ele pela realização de prévias para a definição do presidenciável tucano. Aécio demonstrou certa irritação com a declaração de Fernando Henrique, que afirmou que ele e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) - que disputam a indicação como candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, "não podem sair pelo Brasil a fazer prévias e não trabalhar".

"Não se constrói um projeto para o País de alguns gabinetes ou da Avenida Paulista. Se constrói caminhando pelo País. E é o que eu estou me dispondo a fazer", retrucou o mineiro, sugerindo que o ex-presidente participe também das viagens. Aécio já havia sugerido que ele e Serra caminhem juntos Aécio ressalvou que a ideia é que essas viagens ocorram nos fins de semana, como parte do que chamou de "tarefa política de construção de um novo projeto para o País".

"O presidente Fernando Henrique seria uma figura muito importante nessas viagens. No seu caso, talvez ele possa até viajar além dos finais de semana" afirmou, garantindo, contudo, que não há divergência entre eles.

Aécio disse que "talvez" o ex-presidente não tenha sido informado com clareza de sua proposta. "O que eu tenho dito é que seria importante que nos finais de semana nós pudéssemos andar pelo País. Porque além das nossas tarefas administrativas - e, no caso de Minas, me parece que os mineiros julgam que ela vai bem -, nós temos também responsabilidades políticas na construção de um partido, na construção de propostas". O governador confirmou que na próxima segunda-feira desembarca em Recife, onde cumpre uma extensa agenda.

Sobre as prévias, observou que sempre ouviu de Fernando Henrique uma avaliação semelhante à sua: "As considera, nas conversas que tem tido comigo, um instrumento extremamente importante para que o partido possa tomar as suas decisões".

Contraponto

Para reforçar seu argumento em favor da consulta interna, Aécio alertou para as dificuldades que o partido enfrentará na próxima eleição presidencial. Segundo o governador mineiro, as primárias servirão como uma "oportunidade extraordinária" de o PSDB "se contrapor à movimentação" da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata petista. "Que cada vez será maior daqui por diante. Ela não diminuirá, ela será cada vez mais explícita", avaliou.

"Nós não ganhamos essa eleição de forma antecipada como alguns parecem demonstrar. Longe de ser o governador Serra, mas (para) algumas figuras do partido parece que basta apenas nós hoje termos um candidato que ganhamos as eleições", disse. "Temos de ter um projeto para o País. As prévias, mais do que um instrumento de indicação de um candidato, é um instrumento de definição de projetos, de popularização das propostas do PSDB".

Aécio voltou a garantir que o PSDB estará unido na disputa presidencial. Porém, ressaltou que essa unidade não pode ser apenas das lideranças da legenda, mas também das bases partidárias. No final da entrevista, o governador de Minas fez elogios rasgados ao ex-presidente Fernando Henrique. "Tenho por ele uma admiração pessoal enorme, uma amizade fraternal, o que nos permite, inclusive, em determinados momentos, discordarmos de determinados pontos de vistas".

O governador, que completou ontem 49 anos, esteve no início da tarde no velório da médica Orcanda Patrus, esposa do ex-deputado estadual e ex-secretário de Obras, Agostinho Patrus.

Nenhum comentário:

Marcadores