No início deste século, todos sabiam que a família Mânica era mais rica e mais poderosa que qualquer outra de Unaí, fundada em 1943, a 165 quilômetros de Brasília e a 350 de Belo Horizonte. E conseguira incorporar-se à tribo dos condenados à eterna impunidade, sabiam em 2003 quase todos os habitantes. Só pareciam ignorar quem mandava no lugar três fiscais do Ministério do Trabalho ─ Nelson José da Silva, João Baptista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves ─ e o servidor federal Ailton Pereira de Oliveira, motorista do carro usado para as inspeções. Por acreditarem que todos são iguais perante a lei, passaram a multar regularmente grandes fazendeiros. Por entenderem que alguns são mais iguais que os outros, os punidos condenaram à morte os homens da lei.
Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais e o motorista foram assassinados a tiros numa estrada de terra. Capturados pela Polícia Federal em 27 de julho, integrantes do grupo de extermínio revelaram que haviam agido a mando de proprietários rurais liderados por Norberto Mânica, o “Rei do Feijão”, e Antério Mânica, já em campanha para incorporar a prefeitura ao patrimônio da família.
Estuprador confesso da legislação trabalhista, chefe regional da campanha pela extinção da carteira de trabalho, devoto de usos e costumes que deixariam ruborizado um escravocrata do Primeiro Império, Norberto vinha sendo punido com multas quie somavam R$ 2 milhões em janeiro de 2004. Aquilo não ficaria assim, avisou o rei do feijão. Não ficou, confirmou o massacre. Preso em agosto, teve a solidão abrandada em setembro com a chegada do irmão. Apoiado pelo PSDB e pelo governador Aécio Neves, Antério já era o prefeito eleito (com 72% dos votos) ao sair da cadeia em novembro. Ficara mais popular durante a temporada na gaiola.
O assombro provocado pela chacina induziu o Ministério da Justiça a criar em fevereiro de 2004 uma força tarefa composta por integrantes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da polícia civil e da Polícia Militar de Minas. As investigações foram bem até a identificação dos mandantes. Ficou comprovado que o carro usado pelos assassinos pertencia a Antério. Os depoimentos permitiram reconstituir a reunião que aprovou a condenação à morte e detalhou a metodologia da execução. Mas o processo continua longe do fim.
Norberto está em liberdade desde dezembro de 2004. Como o irmão Antério e o fazendeiro José Alberto Costa, que contratou os executores, desfrutam em casa do direito a foro privilegiado. Continuam presos um dos mandantes, Hugo Pimenta, e os assassinos Francisco Pinheiro, Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan da Rocha Rios e William Gomes de Miranda. Não demorarão a voltar às ruas. Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal de Minas teve de pedir a libertação de Humberto Ribeiro dos Santos, encarregado de apagar as provas do crime.
“Com o transcorrer dos anos, sem a realização do julgamento dos acusados, inevitavelmente ocorre a chamada prescrição.”, lastimou a procuradora Mirian Moreira Lima. “Na Justiça Federal, em Belo Horizonte , a tramitação do processo foi reconhecidamente célere. Somente as sucessivas interposições de recursos pelos réus, todos julgados improcedentes, é que vem dando motivo para o atraso do julgamento pelo Tribunal do Júri. Entendo lamentável a ocorrência da prescrição em crimes dessa natureza, com significativo prejuízo à própria sociedade”.
As famílias de cada assassinado receberam do governo federal de R$ 200 mil. Nenhum parente dos mortos continua em Unaí. Antério Mânica foi reeleito em outubro passado pelo PSDB. Já avisou que quer ser deputado, também pelo PSDB!
Em 28 de janeiro de 2004, os três fiscais e o motorista foram assassinados a tiros numa estrada de terra. Capturados pela Polícia Federal em 27 de julho, integrantes do grupo de extermínio revelaram que haviam agido a mando de proprietários rurais liderados por Norberto Mânica, o “Rei do Feijão”, e Antério Mânica, já em campanha para incorporar a prefeitura ao patrimônio da família.
Estuprador confesso da legislação trabalhista, chefe regional da campanha pela extinção da carteira de trabalho, devoto de usos e costumes que deixariam ruborizado um escravocrata do Primeiro Império, Norberto vinha sendo punido com multas quie somavam R$ 2 milhões em janeiro de 2004. Aquilo não ficaria assim, avisou o rei do feijão. Não ficou, confirmou o massacre. Preso em agosto, teve a solidão abrandada em setembro com a chegada do irmão. Apoiado pelo PSDB e pelo governador Aécio Neves, Antério já era o prefeito eleito (com 72% dos votos) ao sair da cadeia em novembro. Ficara mais popular durante a temporada na gaiola.
O assombro provocado pela chacina induziu o Ministério da Justiça a criar em fevereiro de 2004 uma força tarefa composta por integrantes do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da polícia civil e da Polícia Militar de Minas. As investigações foram bem até a identificação dos mandantes. Ficou comprovado que o carro usado pelos assassinos pertencia a Antério. Os depoimentos permitiram reconstituir a reunião que aprovou a condenação à morte e detalhou a metodologia da execução. Mas o processo continua longe do fim.
Norberto está em liberdade desde dezembro de 2004. Como o irmão Antério e o fazendeiro José Alberto Costa, que contratou os executores, desfrutam em casa do direito a foro privilegiado. Continuam presos um dos mandantes, Hugo Pimenta, e os assassinos Francisco Pinheiro, Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan da Rocha Rios e William Gomes de Miranda. Não demorarão a voltar às ruas. Em janeiro deste ano, o Ministério Público Federal de Minas teve de pedir a libertação de Humberto Ribeiro dos Santos, encarregado de apagar as provas do crime.
“Com o transcorrer dos anos, sem a realização do julgamento dos acusados, inevitavelmente ocorre a chamada prescrição.”, lastimou a procuradora Mirian Moreira Lima. “Na Justiça Federal, em Belo Horizonte , a tramitação do processo foi reconhecidamente célere. Somente as sucessivas interposições de recursos pelos réus, todos julgados improcedentes, é que vem dando motivo para o atraso do julgamento pelo Tribunal do Júri. Entendo lamentável a ocorrência da prescrição em crimes dessa natureza, com significativo prejuízo à própria sociedade”.
As famílias de cada assassinado receberam do governo federal de R$ 200 mil. Nenhum parente dos mortos continua em Unaí. Antério Mânica foi reeleito em outubro passado pelo PSDB. Já avisou que quer ser deputado, também pelo PSDB!
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