A CPI da Petrobras deve dominar a pauta política esta semana em Brasília. Há rumores de que um acordo para esvaziar a comissão estaria em andamento com a colaboração do DEM. Os tucanos também já estariam demonstrando receio com a repercussão da iniciativa de investigar a Petrobrás. A CPI pode reverter contra os senadores oposicionistas, que sairiam "mal na foto" junto ao eleitorado que precisam conquistar para renovar seus mandatos em 2010. A expectativa é de que isso diminua o ímpeto investigativo.
Os que já falam na composição da Comissão, alertam para a necessidade de escolher nomes que tenham responsabilidade com o debate, bom senso e equilíbrio. A opinião é do senador Renato Casagrande (PSB-ES), preocupado em evitar que a comissão vire palco de disputas políticas.
Os governistas alegam que a oposição quer a CPI para expor à opinião pública a ministra Dilma Rousseff, que pertence ao Conselho de Administração da empresa e que transita na área energética com desenvoltura desde que exerceu o cargo de Ministra de Minas e Energia. Eles estendem as acusações a oposição afirmando que seus líderes representam interesses financeiros de fornecedores da companhia.
DEM cauteloso
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), adotou uma conduta cautelosa. Ele disse que não trata do assunto antes de terça-feira (19), quando reunirá sua bancada para traçar uma linha de ação. Um líder tem que refletir a posição de toda a sua bancada, tem dito Agripino desde sexta-feira (15) quando admitiu que na bancada democrata existem posições cautelosas e outras mais decididas sobre a CPI da Petrobras.
Agripino parece disposto a participar de um acordo para adiar a instalação da CPI para depois de um depoimento às comissões técnicas do Senado pelo presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, ainda que esta oposição abale a imagem oposicionista do partido e o futuro das relações com o PSDB na campanha presidencial de 2010.
O plano consiste em avaliar como suficientes as explicações de Gabrielli e considerar desnecessária a investigação. A partir dessa ''avaliação'', os líderes aliados e o DEM não indicariam seus representantes e a CPI só se instalaria se o Supremo Tribunal Federal (STF) mandasse, o que vai depender de uma iniciativa do PSDB por meio de mandado de segurança. Diante da inviabilidade política da investigação, o PSDB aguardaria a evolução dos acontecimentos deixando a CPI a pairar sobre a cabeça do governo como uma espada de Dâmocles.
Maioria governista
Frustrada a tentativa de retirar as seis assinaturas do requerimento de instalação da CPI, o governo aguarda a reunião de líderes que discutirá a composição da CPI. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, disse à Agência Brasil que o governo está fora dessas discussões que, agora, cabem exclusivamente às lideranças partidárias.
A CPI será composta por 11 senadores, que vão ser indicados pelos blocos partidários de acordo com o tamanho de suas bancadas. Por esse critério, caberão ao PMDB-PP três vagas; ao Bloco da Maioria, três; ao Bloco da Minoria, três; e ao PTB-PDT, uma vaga. Teoricamente, essa divisão dá ao governo maioria na comissão, que será confirmada pelas indicações dos partidos. No PMDB e no bloco PDT-PTB existem senadores alinhados com o Executivo e outros que adotam uma postura de independência.
O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), disse que o presidente José Sarney (PMDB-AP) deve estabelecer o prazo para que os líderes façam suas indicações. E que, durante este prazo, vai conversar com as bancadas para que os trabalhos de investigação possam ser conduzidos de forma calma e serena e por pessoas que têm colaboração a dar.
Renan Calheiros pretende reunir nesta semana os 19 senadores para definir os seis nomes - três titulares e três suplentes - que integrarão a CPI. Muita gente quer, mas nós só temos três vagas para titular e três para suplentes, disse o líder peemedebista. Concentrado na escolha dos nomes, o parlamentar ressaltou que, neste momento, não se pode querer queimar etapas.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) também adota o discurso da prudência. Ele diz que são necessárias conversas com todos os líderes para definir uma linha de trabalho e evitar que a comissão vire palco de disputas políticas. A composição vai ser importante para que se defina o limite das investigações e um prazo para o fim dos trabalhos. "Uma empresa como a Petrobras não pode ficar muito tempo sob investigação," defende Casagrande.
De Brasília
Márcia Xavier
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