A carta foi lida pelo coordenador da Frente Única dos Petroleiros (FUP), João Antonio de Moraes, no seminário O Brasil diante do Pré-Sal, realizado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara. O deputado Márcio Junqueira (DEM-RR), que presidia o evento, pediu que alguém se apresentasse para fazer o contraponto. Ninguém apareceu para se posicionar contra a proposta que aglutinou trabalhadores, estudantes, movimentos populares e frentes de esquerda, a exemplo do que ocorreu na década de 1950 na campanha "O Petróleo é nosso".
A campanha do Pré-Sal tem como slogan "O Petróleo tem que ser nosso" e quer uma nova lei do petróleo que acabe com os leilões e crie um fundo social soberano para gerir as riquezas do pré-sal. A mobilização também se posiciona contra a CPI da Petrobrás considerada uma tentativa de evitar uma nova lei do petróleo, no médio e longo prazo, e de atrapalhar as atividades da Petrobrás, no curto prazo.
Para Moraes, há mecanismos de controle e fiscalização perfeitamente aptos a detectar e corrigir problemas na Petrobrás, o que deixa ainda mais claro o caráter oportunista da CPI.
A presidente da UNE, Lúcia Stumpf, anunciou para o dia 16 de julho, durante o Congresso Nacional da UNE, em Brasília, uma passeata com os 10 mil participantes do evento. Ela diz que, a exemplo do que aconteceu na década de 1950, que culminou com a criação das Petrobrás, os estudantes voltam às ruas, em defesa do petróleo.
"Nós, estudantes, sabemos que defendendo nosso patrimônio, defendemos educação digna, reforma agrária e moradia para a população", disse a líder estudantil, arrancando aplausos da multidão ao dizer que "Contra o povo unido, não tem senador, deputado, capaz de nos derrotar."
Nova lei
Aldemir Caetano, da Secretaria de Finanças e Administração da FUP, disse que os movimentos sociais e os partidos de esquerda estão elaborando propostas e pressionando o governo federal para a implementação de uma nova lei do petróleo, que acabe com os leilões para exploração das jazidas e especialmente para garantir que as imensas riquezas da camada pré-sal sejam geridas por um fundo social soberano.
Esse fundo, com parte expressiva dos resultados financeiros da comercialização do petróleo, seria destinada para programas e políticas públicas de educação, combate à pobreza, cultura, saúde, infraestrutura, pesquisa, segurança e outras, destinadas ao pagamento da dívida social existente em nosso país.
Dinheiro para quê
Os oradores, que se revezaram nas manifestações de apoio à campanha do Pré-Sal, repetiram o que foi dito pela Presidente da UNE. Divanilton Pereira, secretário de energia da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), disse que "a luta pelo petróleo é a luta por moradia digna, educação e saúde".
Rejane Pitanga, presidente da CUT-DF, lembrou que a oposição, nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, destruiu o patrimônio nacional e ameaça fazer o mesmo com a Petrobrás com essa CPI. Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST, destacou a tentativa da oposição de colocar os bens naturais do Brasil à serviço das empresas transnacionais que só visam o lucro.
O presidente da CUT do Paraná, Roni Barbosa, comandou, do microfone, uma grande vaia ao senador Álvaro Dias, do PSDB do Paraná, autor do requerimento de criação da CPI. Ele lembrou que "os que são contra o povo, o povo será contra eles."
Durante a manifestação, foram colhidas assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular pelo controle estatal e social do petróleo.
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