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A tese antidemocrática do terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é como os vilões repugnantes dos filmes B de terror: trucidada, volta sempre na película seguinte.
No caso de Hollywood, o eterno retorno interessa ao produtor que aproveita o elenco e a ambientação para arrancar mais alguma bilheteria. Já o terceiro mandato retorna porque sua presença em cena interessa à oposição conservadora e seus oligopólios midiáticos. É, como diria o ex-prefeito Cesar maia, um factóide, um pseudofato.
Ainda neste domingo (31), a Folha de S.Paulo divulgou pesquisa do instituto Datafolha com dados relevantes sobre o quado político: o presidenciável favorito do PSDB, José Serra, perdeu terreno e sua oponente do PT, Dilma Rousseff, avançou, reduzindo em oito pontos a diferença entre os dois; a popularidade do governo federal subiu, invertendo a tendência da pesquisa anterior e batendo novo recorde. O jornal, porém, pinçou outro tema para sua manchete: Terceiro mandato de Lula divide o país...
O pretexto para a tese é real: o presidente goza de uma popularidade inédita, com sólidas raízes na objetividade e na subjetividade da vida dos brasileiros, sobretudo - mas não apenas - na maioria pobre e trabalhadora, que melhorou de vida em seu governo, embora menos do que podia e merecia. A última esperança de que este prestígio viesse abaixo era a crise capitalista global, mas sabe-se hoje (pela pesquisa Datafolha de domingo e pela CNT-Sensus de segunda-feira) que também ela se frustrou.
Mas isto é apenas um pretexto. O próprio Lula já negou e repudiou o terceiro mandato, nos termos mais taxativos, todas as incontáveis vezes em que foi provocado a se pronunciar. Além disso, a tese exigiria mudança constitucional, difícil tanto pela correlação política das forças no Congresso como por imposição irrevogável do calendário.
Se a hipótese do terceiro mandato não sai de cena, não é porque haja quem gostaria de re-reeleger Lula: por certo há, não se duvida aqui dos 47% aferidos pelo Datafolha. Ela volta sempre porque uma oposição sem bandeira e nem discurso precisa dela para ganhar tempo e assustar os que se assustam com vilões de filmes B.
Senhores oposicionistas, tucanos, demos e quejandos: façam oposição. Se é que de fato o governador Aécio Neves ''amarelou'' e já são favas contadas que o governador José Serra disputará a Presidência, tentem convencer o eleitorado de que vale a pena voltar à era Fernando Henrique Cardoso. Invistam contra a Petrobras na CPI, o que é antipatriótico, e velhaco, mas é um direito da minoria. Sabotem o fortalecimento do Mercosul protelando a aprovação do pedido de ingresso da Venezuela. Torçam para que a crise chegue ao Brasil como um tsunami. Nem tudo está perdido, seu presidenciável para 2010 ainda figura em primeiro nas pesquisas, embora em queda.
Mas não continuem a reapresentar o surrado vilão do terceiro mandato. Porque ele é um vilão de filme B. E porque o discurso oposicionista sobre o terceiro mandato tem como substrato o reconhecimento, implícito e patético, da força do campo representado por Lula.
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