O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelo Nilo, anunciou seu pedido de desfiliação do PSDB, conforme o jornalista Samuel Celestino, no Bahia Notícias. Seria a primeira consequência do almoço desta segunda-feira (15), em Salvador, formalizando uma aliança do DEM com o PSDB, PR e PPS, com vistas a 2010, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Jacques Wagner, ambos petistas.
Marcelo Nilo: desfiliação para não
A aliança é considerada uma virada histórica dos tucanos da Bahia. Desde a sua fundação em 1988, o PSDB fez oposição ao grupo carlista (do senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007), chefe inconteste da seção local do PFL, hoje DEM.
Os neoaliados do DEM
O presidente do PCdoB-BA, Péricles de Souza, observou dois fatos novos no almoço, no Barbacoa. Além da aliança inédita do PSDB baiano com o DEM, ele vê como novidade também a presença do PPS, outra legenda de oposição ao carlismo, que em 2006 apoiou Wagner e chegou a indicar o secretário de Ciência e Tecnologia do governo.
A desfiliação de Nilo aponta que a omelete custará não poucos ovos quebrados, em especial ovos de tucano. Segundo Samuel Celestino, o presidente da Assembleia Legislativa sai para apoiar a candidatura à reeleição do governador Jaques Wagner em 2010.
Mesmo o PR do senador César Borges, um personagem egresso do carlismo, estava em posição desconfortável no almoço da aliança. Cesar Borges deixou o DEM pelo PR para apoiar Lula e não cogita deixar de fazê-lo. Se aderiu ao almoço, é para garantir sustentação para tentar se reeleger ao Senado.
Diante dessas turbulências, o almoço para anunciar a aliança dos quatro partidos reuniu 60 políticos baianos. E não fechou formalmente a chapa oposicionista.
Chapa em aberto, de olho no PMDB
Em princípio, a chapa terá o ex-governador Paulo Souto (DEM) tentando voltar ao Executivo, que deixou ao ser derrotado por Jacques já no primeiro turno de 2006. Enquanto as duas vagas no Senado serão disputadas por César Borges e pelo ex-prefeito Antônio Imbassahy, presidente estadual do PSDB e expoente da ala pró-DEM.
O não fechamento da chapa deve-se à esperança da chapa oposicionista de atrair o PMDB baiano. Aliado de Wagner e de Lula, o PMDB do ministro Geddel Vieira Lima e do prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, choca-se com o PT devido a planos conflitantes para o Executivo. O governador quer se reeleger, mas Geddel tenciona candidatar-se. O DEM pós-carlista assopra a desavença, na esperança de que ela facilite seu retorno após as duras derrotas de 2004, 2006 e 2008.
"Uma coisa é certa: é mais fácil o diálogo do DEM com o PMDB, do que PMDB com o PT. Geddel só tem uma opção no PT, que é a vaga ao Senado. Aqui (com a oposição), ele pode ter qualquer coisa", diz Paulo Souto.
Serra paga o preço do palanque baiano
Conforme O Estado de S. Paulo, O acordo baiano PSDB-DEM foi costurado na semana passada, em São Paulo, com a participação do governador paulista José Serra. Para muitos tucanos, é uma afronta à tradição anticarlista da sigla. Para Serra, uma chance de montar um difícil palanque único na Bahia.
Na eleição presidencial de 2006, Lula obteve no estado 66,7% dos votos válidos no primeiro turno e 78,1% no segundo. Seu desafiante, Geraldo Alckmin, apoiado pelo PSDB e DEM (na época PFL), teve 26,0% e 21,9%.
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