segunda-feira, 27 de julho de 2009

TAIGUARA, O ETERNO!

Oni ... apesar da turma que vem tentando a redenção do Simonal (e essa não dá pra convocar), tem também uma turma que está numa campanha, apelando para que a gravadora de YMIRA, TAYRA, IPY-TAIGUARA do Taiguara relance o disco no Brasil. Seria uma forma de redescobrir, nos dias de hoje, um verdadeiro injustiçado pelos anos de chumbo. Segue o link

www.imyra-tayra-ipy-taiguara.com/id11.html


Andre Luis





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A Censura (Tempos de Escuridão..)





Em meados dos anos 80, seguidores do líder político Luis Carlos Prestes
denunciavam que o fascismo, implantado no mundo ocidental desde a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial em 1945, tinha
adquirido formas diferentes e estava instaurado no país. E, apesar de toda a propaganda da Nova República, a Era Sarney -
a chamada redemocratização, não conseguia acabar com todo o aparelhamento fascista da Ditadura Militar. Os mecanismos de tortura,
nas prisões, continuavam existindo.








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Taiguara foi perseguido pela
censura por boa parte de sua carreira, mas nenhum de seus trabalhos foram tão problemáticos quanto o Imyra, Tayra, Ipy –
Taiguara. Em 1975, do auto-exílio e sua volta ao país, depois de ver totalmente censurado um disco gravado em Londres (“Let
the children hear the music” -Tradução: Deixem as crianças escutar a[s] música[s]), com apenas duas faixas em português,
"Porto de Vitória" e "Terra das Palmeiras", e com as demais faixas em inglês, Taiguara, apesar de toda a censura imposta,
preparou uma forma criativa de enfrentar a Ditadura Militar Brasileira. Criou uma obra de arte, que denunciava o fascismo
em nosso solo e em toda a América Latina e que driblava a censura usando pseudônimos na autoria de algumas faixas e o nome
de sua esposa na época, Gheisa Chalar da Silva, como autora das três canções consideradas mais controversas: Terra das Palmeiras,
Situação e Público. Taiguara, na forma de um índio brasileiro e latino americano, como uma árvore em Quarup, preparava seu
retorno para o grande público.






O disco Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara
tinha essa finalidade. Do Delírio Transatlântico até a acumulação capitalista, em "Outra Cena", a obra denunciava que apesar
das guerrilhas e do combate às ditaduras militares em toda América Latina, o quadro seria o mesmo: o de Picasso, uma Guernica
Latino Americana, onde irmão enfrentava irmão reforçando as ditaduras fascistas, como a implantada na Espanha, após intensa
Guerra Civil.







Mas a obra-prima de Taiguara
foi censurada e recolhida. O espetáculo marcado para o dia 1º de Maio de 1976, nas ruinas das Missões no Rio Grande do sul,
foi cancelado apenas 24 horas anteriores à realização. Esses fatos demonstravam que o artista estava quase perto de conseguir
realizar o seu sonho.






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Taiguara, decepcionado com a situação
do seu país, se auto-exila por uma segunda vez. Desta vez, o silêncio duraria muitos
anos.
E o disco nunca mais é editado em nossa terra, apesar dos apelos e dos protestos do próprio Taiguara, de
toda a classe artística e dos fãs.





Os anos passam e a censura perdura.
Boatos e comentários de que a gravadora teria anunciado que a matriz do disco se perdera em sua trajetória para Londres, foram
desmentidos por gravações de coletâneas, qual incluíam “Aquarela de Um País Na Lua” e “Situação”,
duas faixas da obra censurada. Um colunista brasileiro chegou a denunciar o fato sem muita repercussão. A censura continuava.






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Em 2002, a surpresa... O disco Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara é remasterizado e editado em CD e colocado
à venda no Japão. O boato da perda da matriz se desfaz. Aumenta-se a indignação. O disco continua a ser, de certo modo censurado,
pois permanece, após quase três décadas, fora do alcance do povo Brasileiro.


Entre 2004 e 2005, o Brasil ganha uma briga na OMC - Organização Mundial do Comércio,
pela ‘patente’ do "Cupuaçu", uma fruta tipicamente do nosso país, herança de nossos irmãos indígenas brasileiros,
pretendida pelo mesmo país asiático.


E a obra-prima feita pela alma de um artista para o seu povo, Brasileiro e Latino
Americano, continua sendo censurada. Mas o caminho da censura fascista fica claro: primeiro por uma ditadura militar, depois
por uma multinacional, e no Século 21 por uma Corporação Transnacional. É a própria transformação e mudança de forma da propriedade
privada.



















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