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Andre Luis
A Censura (Tempos de Escuridão..)
denunciavam que o fascismo, implantado no mundo ocidental desde a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial em 1945, tinha
adquirido formas diferentes e estava instaurado no país. E, apesar de toda a propaganda da Nova República, a Era Sarney -
a chamada redemocratização, não conseguia acabar com todo o aparelhamento fascista da Ditadura Militar. Os mecanismos de tortura,
nas prisões, continuavam existindo.
censura por boa parte de sua carreira, mas nenhum de seus trabalhos foram tão problemáticos quanto o Imyra, Tayra, Ipy –
Taiguara. Em 1975, do auto-exílio e sua volta ao país, depois de ver totalmente censurado um disco gravado em Londres (“Let
the children hear the music” -Tradução: Deixem as crianças escutar a[s] música[s]), com apenas duas faixas em português,
"Porto de Vitória" e "Terra das Palmeiras", e com as demais faixas em inglês, Taiguara, apesar de toda a censura imposta,
preparou uma forma criativa de enfrentar a Ditadura Militar Brasileira. Criou uma obra de arte, que denunciava o fascismo
em nosso solo e em toda a América Latina e que driblava a censura usando pseudônimos na autoria de algumas faixas e o nome
de sua esposa na época, Gheisa Chalar da Silva, como autora das três canções consideradas mais controversas: Terra das Palmeiras,
Situação e Público. Taiguara, na forma de um índio brasileiro e latino americano, como uma árvore em Quarup, preparava seu
retorno para o grande público.
O disco Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara
tinha essa finalidade. Do Delírio Transatlântico até a acumulação capitalista, em "Outra Cena", a obra denunciava que apesar
das guerrilhas e do combate às ditaduras militares em toda América Latina, o quadro seria o mesmo: o de Picasso, uma Guernica
Latino Americana, onde irmão enfrentava irmão reforçando as ditaduras fascistas, como a implantada na Espanha, após intensa
Guerra Civil.
Mas a obra-prima de Taiguara
foi censurada e recolhida. O espetáculo marcado para o dia 1º de Maio de 1976, nas ruinas das Missões no Rio Grande do sul,
foi cancelado apenas 24 horas anteriores à realização. Esses fatos demonstravam que o artista estava quase perto de conseguir
realizar o seu sonho.
do seu país, se auto-exila por uma segunda vez. Desta vez, o silêncio duraria muitos
anos. E o disco nunca mais é editado em nossa terra, apesar dos apelos e dos protestos do próprio Taiguara, de
toda a classe artística e dos fãs.
Os anos passam e a censura perdura.
Boatos e comentários de que a gravadora teria anunciado que a matriz do disco se perdera em sua trajetória para Londres, foram
desmentidos por gravações de coletâneas, qual incluíam “Aquarela de Um País Na Lua” e “Situação”,
duas faixas da obra censurada. Um colunista brasileiro chegou a denunciar o fato sem muita repercussão. A censura continuava.
à venda no Japão. O boato da perda da matriz se desfaz. Aumenta-se a indignação. O disco continua a ser, de certo modo censurado,
pois permanece, após quase três décadas, fora do alcance do povo Brasileiro.
pela ‘patente’ do "Cupuaçu", uma fruta tipicamente do nosso país, herança de nossos irmãos indígenas brasileiros,
pretendida pelo mesmo país asiático.
Americano, continua sendo censurada. Mas o caminho da censura fascista fica claro: primeiro por uma ditadura militar, depois
por uma multinacional, e no Século 21 por uma Corporação Transnacional. É a própria transformação e mudança de forma da propriedade
privada.
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