Em se tratando de pesquisas, nem todas são iguais.
Quais as mais confiáveis? “As pesquisas feitas regularmente por empresas profissionais do setor e que fazem sempre a mesma pergunta — como, por exemplo, ‘Você pretende comprar um carro nos próximos três meses?’ — são cem por cento científicas e úteis”.
E quanto às pesquisas com potencial de informação mas que, apesar disso, apresentam problemas de confiabilidade? Elas também estão por aí, e embora não façam sempre a mesma pergunta, baseiam-se em amostras confiáveis de probabilidade. Sua validade, diz ele, “depende inteiramente da habilidade com que se formula a pergunta. As empresas de marketing fazem isso para obter respostas honestas que utilizam comercialmente. Os políticos estão sempre em busca de respostas honestas, embora às vezes estejam atrás de notícias para plantar”.
O pior tipo de pesquisa, de acordo com os especialistas, é sem dúvida alguma a pesquisa de Internet ou pesquisas de revistas que servem apenas a quem tem interesses pessoais pelo assunto. “Esse tipo de pesquisa não tem utilidade alguma, a não ser proporcionar uma diversão ligeira”.
“As pesquisas feitas pelas revistas em que se pede um retorno do leitor sobre ‘direito de escolha’ quase sempre retornam com toneladas de respostas de gente que milita em grupos de ‘direito á vida’. Não têm valor algum.” As pesquisas de Internet, acrescenta, “são uma verdadeira babel. Elas não trazem informação alguma, exceto quantas pessoas as responderam. Esse tipo de pesquisa funciona como meio de detectar temas ‘quentes’ em um público específico. Isso é bom para as revistas, mas é ruim para o leitor. A única coisa mais ou menos interessante é que elas acabam medindo o volume de respostas apaixonadas”.
CUSTO DE SONDAGEM
O custo da sondagem sempre teve papel de destaque nas técnicas de pesquisa. Com a introdução do telefone, os entrevistadores passaram a dar preferência às pesquisas por telefone em detrimento das entrevistas pessoais. Hoje, porém, esse tipo de entrevista também tem seu lado negativo. “No caso das pesquisas por telefone, o maior problema é sem dúvida alguma o telemarketing”, “Esse tipo de estratégia massacrou tanto as famílias que hoje é difícil conseguir a cooperação de um contingente maior delas. Os índices de respostas despencaram em todas as formas de pesquisa.”
"Embora o valor de uma boa resposta compense o custo incorrido”, é cada vez mais caro realizar uma boa pesquisa numa época em que “a população mostra-se indiferente”. As pesquisas telefônicas, por exemplo, estão entre as mais confiáveis em se tratando de modelos estatísticos e da obtenção de amostras científicas aleatórias. “Contudo, na era do identificador de chamada, muita gente prefere não atender o telefone se vê que o número chamado não coincide com seu código de área.”
Um estudo feito pelo Pew Research Center, em 2004, constatou que “na ocasião, em comparação com seis anos antes, um número cada vez maior de americanos recusava-se a participar de entrevistas telefônicas” devido ao grande número de chamadas não solicitadas e também porque os entrevistados em potencial “dispunham de uma tecnologia de filtragem de chamadas cada dia mais sofisticada”. Uma pesquisa rotineira que empregava técnicas consagradas utilizadas por empresas de sondagem de opinião tinha sucesso “em menos de três de cada dez lares”, o que representa um declínio de cerca de nove pontos percentuais em relação a fins da década de 1990, de acordo com o estudo.
Embora os entrevistadores sempre tenham deparado com pessoas que se recusam a responder perguntas depois que atendem o telefone, atualmente o profissional da área tem de lidar com o que se chama de “recusa silenciosa” — comportamento que caracteriza o indivíduo que simplesmente se recusa a atender o telefone. Trata-se de um problema e tanto. “De modo geral, a disposição de atender o telefone é bastante independente em relação a outras características como, por exemplo, o interesse por política”. “As pessoas que participam de sondagens políticas atualmente, se comparadas com o esse mesmo público de 40 anos atrás, pertencem a um estrato visivelmente mais interessado por essas questões. Naquela época, o número de pessoas apáticas ou que demonstravam pouco interesse pelo tema era maior do que hoje.”
Não se sabe ao certo, porém, que efeito a “recusa silenciosa” teria sobre a capacidade dos entrevistadores de colher amostras significativas de opinião.
Telefone fixo x celular
“A questão da cobertura realmente deixa as pessoas inquietas”, . “Como é possível identificar a população de indivíduos que fornecerá a amostra desejada? O telefone ainda é uma tecnologia utilizada para a realização de entrevistas, mas as linhas fixas encontram-se indisponíveis para uma enorme parcela da população brasileira. Por outro lado existe uma relação entre juventude e acesso escasso às linhas fixas. Os entrevistadores estão tentando mensurar o que se perde quando se deixa de ligar para os aparelhos de celular. O que já se sabe? Em se tratando de sondagens políticas, não muito. Os usuários de celular que votam diferem muito dos eleitores com acesso à linha fixa. O negócio de pesquisa telefônica depende desse último segmento, mas a preocupação é generalizada.”
Com relação ao uso do celular e aos resultados das sondagens, o que podemos espera do percentual de lares brasileiros que estão fora do alcance da pesquisa telefônica tradicional porque possuem apenas celular e nenhuma linha fixa — um número que talvez chegue a 25% no final de 2008 “se o índice atual de aumento se mantiver”.
Não é ilegal fazer pesquisas por meio de telefone celular — é apenas mais difícil e mais caro do que as pesquisas feitas em aparelhos de linha fixa.
Qual foi a METODOLOGIA UTILIZADO PELOS TUCANOS?
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