Ainda na nota, a direção afirma que o programa do partido vem sendo cumprido desde a administração de José Sarney (PMDB-AP) na presidência da República e diz que o apoio aos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva está dentro da proposta programática do partido. Afirma ainda que as gestões do partido a frente de ministérios tem sido aprovadas pelo Tribunal de Contas da União e está de acordo com as diretrizes do governo.
"O PMDB orgulha-se de suas opções e sabe que tem ajudado o Brasil no limite de suas forças. As críticas, quando justas, só nos ajudam a melhorar", diz a nota.
Dissidentes
Na nota divulgada no portal oficial, sem citar nomes, o comando nacional da legenda prometeu não cobrar na Justiça os mandatos dos parlamentares rebeldes, sob alegação de infidelidade partidária, se eles saírem do PMDB.
Dois dos principais críticos de Sarney são os senadores peemedebistas Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS). Ambos defendem que o presidente do Senado se afaste do cargo.
Na nota, assinada pelo presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP) - presidente da Câmara -, e sua substituta, a deputada Íris de Araújo (GO), não fazem referência à delicada situação de Sarney nem falam diretamente de Jarbas e Simon. Mas são duros com os dissidentes, apesar de dizerem que "divergências são comuns em todos os partidos".
"O PMDB acata com humildade o descontentamento de alguns poucos integrantes que perderam espaço político e apostaram na fama efêmera oriunda de acusações vazias. E faz isso porque acredita piamente na democracia. A estes, o recado: podem deixar a legenda o quanto antes sem risco algum de perder o mandato. Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso", dizem os dirigentes.
Pedro Simon considerou a nota "uma afronta ao histórico do PMDB". "Essa gente é muito petulante. Eu represento a história do PMDB. Eles que me expulsem, se quiserem. Eles gostariam de me expulsar, mas terão de pagar um preço muito caro. Não estou ferindo o programa partidário quando peço dignidade e honradez ao partido", reagiu o senador gaúcho que ao mesmo tempo que adota postura de vestal da ética no Senado, acoberta as denúncias contra a governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, a quem Pedro Simon apóia.
Veja abaixo a íntegra da nota do PMDB:
Em sua última edição, a revista VEJA dedicou a capa e oito páginas de reportagem ao PMDB. O material jornalístico se perdeu em meio a afirmações pontuais que pecam, ora pelo exagero, ora pela desinformação. Com todo o respeito aos editores da prestigiosa publicação e aos seus leitores, o PMDB tem quatro principais reparos a fazer no material publicado:
1.O PMDB tem identidade e espinha dorsal bem definidas, ao contrário do que afirma a publicação. Seu compromisso com a liberdade democrática e com os avanços sociais são inarredáveis e públicos, ambos devidamente inscritos no programa partidário. O PMDB estava em linha com seu programa partidário quando apoiou a eleição de Tancredo Neves e o governo de José Sarney. Foi assim que o Brasil conquistou a democracia. O PMDB estava em linha com seu programa partidário quando apoiou o governo Itamar Franco, expoente do partido. Foi assim que o Brasil conquistou o Plano Real, um notável avanço social. O PMDB estava em linha com seu programa partidário quando apoiou o governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi assim que o Brasil iniciou o processo de estabilização econômica. E o PMDB está em linha uma vez mais com seu programa partidário ao apoiar o governo do presidente Lula,autor nada mais nada menos do que o maior projeto de distribuição de renda do mundo entre outras conquistas admiráveis no campo da estabilidade, da institucionalização nacional, e do respeito à democracia. Um partido deve ser cobrado quando lhe falta coerência. Não quando é, como o PMDB, co-responsável por transformações positivas e por avanços que só melhoram a qualidade de vida dos brasileiros menos favorecidos. O PMDB orgulha-se de suas opções e sabe que tem ajudado o Brasil no limite de suas forças. As críticas, quando justas, só nos ajudam a melhorar.
2. O PMDB é, há décadas, a base da governabilidade e não o paroxismo do fisiologismo como afirma a revista. Política se faz com alianças programáticas, como demonstrado no item anterior. Os cargos públicos são apenas conseqüência de ideais convergentes. Todo partido se orgulha dos quadros técnicos que possui. No caso do PMDB os bons quadros se acumulam em virtude de sua extensa experiência administrativa. Neste exato momento, o partido administra 1 201 prefeituras e nove governos estaduais. No Poder Legislativo, sua bancada conta com 8 500 vereadores, 172 deputados estaduais, 95 deputados federais e dezenove senadores. Natural que possua quadros para ajudar o governo do presidente Lula em áreas onde pode fazer a diferença.
3.É difícil pensar em algo mais injusto do que montar um quadro intitulado "O PMDB e seu bocado no governo federal", como fez a publicação. A simples listagem dos ministros do PMDB acompanhados das verbas públicas abrigadas em suas pastas dá a quem lê uma impressão equivocada. A arte deixa a sensação errada de que os seus titulares têm o poder de destinar verbas livremente. Nem o país institucionalizado como o Brasil, com poderes claramente construídos e atribuições bem definidas, sabe-se que a quase totalidade dos recursos federais é carimbada por computador. Sabe-se, ainda, que todos os investimentos realizados são resultado de licitações monitoradas pelo Tribunal de Contas da União. Uma consulta ao banco de dados do governo federal pode mostrar claramente como as verbas são alocadas. Nenhum ministro de Estado, seja do PMDB ou de qualquer outro partido toma decisões com a liberdade que a revista sugere no material publicado.
4. O PMDB se orgulha de não manter estrutura baseada em caciques apontado pela revista como defeito partidário. Caciques são a expressão do atraso. O PMDB se alimenta da força de seus dois milhões de filiados e no apoio de seus eleitores. Sem votos não haveria PMDB. No pleito de 2006, o partido obteve 16,8 milhões de votos para governador. Em 2008, foram 18,5 milhões de votos para prefeito. São números que falam por si. Se o PMDB estivesse no caminho errado, por que tantos eleitores prefeririam a agremiação? Sugerir que os eleitores do PMDB são menos informados do que os eleitores dos demais partidos é brincar com a inteligência das urnas. Sobre as divergências, é preciso frisar que são comuns em todos os partidos, até mesmo nas agremiações de pequeno porte. Diga-se de passagem, ocorrem inclusive em empresas privadas de qualquer tamanho, até nas familiares. O PMDB acata com humildade o descontentamento de alguns poucos integrantes que perderam espaço político e apostaram na fama efêmera oriunda de acusações vaias. E faz isso porque acredita piamente na democracia. A estes, o recado: podem deixar a legenda o quanto antes sem risco algum de perder o mandato. Ganharão eles, porque deixarão de pertencer ao partido do qual falam tão mal, e ganhará o PMDB, por tornar-se ainda mais coeso e musculoso. O PMDB espera que tais reparos sejam recebidos como uma contribuição ao contraditório, próprio do bom jornalismo, e espera assim colaborar para elevar o debate em torno da qualidade da política brasileira.
Deputado Michel Temer, presidente licenciado do PMDB
Deputada Iris de Araújo, presidente do PMDB
Brasília, DF
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