São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009
E PM culpa bandidos por metade dos protestos
E PM culpa bandidos por metade dos protestos
Investigações sobre 5 das 10 manifestações violentas neste ano em SP não comprovam suposto elo entre moradores e criminosos
Para a PM, os inquéritos nem sempre descobrem os responsáveis por protestos porque a população teme denunciar os traficantes
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
A afirmação de que traficantes manipulam moradores de comunidades pobres para que façam protestos, como os ocorridos nesta semana na favela de Heliópolis, foi usada pela PM em 5 das 10 manifestações do gênero realizadas neste ano em São Paulo. Em nenhum caso, a Polícia Civil conseguiu provar o suposto elo entre os criminosos e a população local.
Cinco inquéritos foram abertos para apurar os responsáveis pelos protestos em Paraisópolis, Tiquatira, Vila Jacuí, Jardim Filhos da Terra e Heliópolis.
Por ser o mais antigo, só no caso de Paraisópolis (zona sul) as investigações estão em fase de conclusão. Segundo o delegado Celso Lahoz Garcia, a suspeita de que a manifestação fora
arquitetada pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) não foi provada.
Nos outros casos, mais recentes, a polícia não tem prazo para concluir os inquéritos, mas ainda não vê indícios de vínculo com o crime.
No caso do Jardim Filhos da Terra (zona norte), em que os moradores queimaram ônibus e bloquearam ruas, em agosto, a PM informou que o protesto ocorreu porque policiais mataram o suposto traficante Ronnan Santos, 20, após ele reagir a uma abordagem. A família disse que Ronnan não reagiu e negou que ele fosse traficante.
Após uma semana de investigação, a Polícia Civil passou a duvidar da versão da PM. Investigadores ouvidos pela Folha disseram haver indícios de que a manifestação não tenha relação com traficantes.
Para um desses policiais, os traficantes devem ter ficado "dentro de casa rindo de tudo o que estava acontecendo".
Nesta semana, em Heliópolis (zona sul), os moradores protestaram depois que a estudante Ana Cristina de Macedo, 17, foi morta durante suposta troca de tiros entre ladrões e guardas-civis de São Caetano do Sul (Grande SP) no último dia 30.
Um bilhete apócrifo convocando moradores para protestarem em troca de uma cesta básica é o principal indício do envolvimento de traficantes com o tumulto, disse a PM.
As investigações se baseiam em depoimentos de testemunhas e em imagens -fornecidas por emissoras de TV e feitas por uma câmera instalada no helicóptero da Polícia Militar.
Por intermédio da assessoria, a PM disse que os inquéritos nem sempre descobrem quem são os responsáveis pelas manifestações porque a população se sente inibida em denunciar os líderes do tráfico.
Para mudar esse cenário de intimidação, a PM afirma que está reforçando o policiamento comunitário onde houve conflitos. A estratégia, diz a corporação, é se aproximar da comunidade para impedir que ela seja manipulada por criminosos.
DA REPORTAGEM LOCAL
A afirmação de que traficantes manipulam moradores de comunidades pobres para que façam protestos, como os ocorridos nesta semana na favela de Heliópolis, foi usada pela PM em 5 das 10 manifestações do gênero realizadas neste ano em São Paulo. Em nenhum caso, a Polícia Civil conseguiu provar o suposto elo entre os criminosos e a população local.
Cinco inquéritos foram abertos para apurar os responsáveis pelos protestos em Paraisópolis, Tiquatira, Vila Jacuí, Jardim Filhos da Terra e Heliópolis.
Por ser o mais antigo, só no caso de Paraisópolis (zona sul) as investigações estão em fase de conclusão. Segundo o delegado Celso Lahoz Garcia, a suspeita de que a manifestação fora
arquitetada pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) não foi provada.
Nos outros casos, mais recentes, a polícia não tem prazo para concluir os inquéritos, mas ainda não vê indícios de vínculo com o crime.
No caso do Jardim Filhos da Terra (zona norte), em que os moradores queimaram ônibus e bloquearam ruas, em agosto, a PM informou que o protesto ocorreu porque policiais mataram o suposto traficante Ronnan Santos, 20, após ele reagir a uma abordagem. A família disse que Ronnan não reagiu e negou que ele fosse traficante.
Após uma semana de investigação, a Polícia Civil passou a duvidar da versão da PM. Investigadores ouvidos pela Folha disseram haver indícios de que a manifestação não tenha relação com traficantes.
Para um desses policiais, os traficantes devem ter ficado "dentro de casa rindo de tudo o que estava acontecendo".
Nesta semana, em Heliópolis (zona sul), os moradores protestaram depois que a estudante Ana Cristina de Macedo, 17, foi morta durante suposta troca de tiros entre ladrões e guardas-civis de São Caetano do Sul (Grande SP) no último dia 30.
Um bilhete apócrifo convocando moradores para protestarem em troca de uma cesta básica é o principal indício do envolvimento de traficantes com o tumulto, disse a PM.
As investigações se baseiam em depoimentos de testemunhas e em imagens -fornecidas por emissoras de TV e feitas por uma câmera instalada no helicóptero da Polícia Militar.
Por intermédio da assessoria, a PM disse que os inquéritos nem sempre descobrem quem são os responsáveis pelas manifestações porque a população se sente inibida em denunciar os líderes do tráfico.
Para mudar esse cenário de intimidação, a PM afirma que está reforçando o policiamento comunitário onde houve conflitos. A estratégia, diz a corporação, é se aproximar da comunidade para impedir que ela seja manipulada por criminosos.
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