quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Brasil: superpotência para alimentar o mundo, diz Financial Times

O jornal britânico Financial Times traz em sua edição desta quinta-feira um caderno especial dedicado a oportunidades de investimento no Brasil em que chama o País de "superpotência agrícola pronta para alimentar o mundo" mas aponta para deficiências no setores de infraestrutura e educação.

Lembrando que o país foi um dos que se saiu melhor na recessão, e que muitos de seus setores não foram sequer afetados, o Financial Times  afirma que se o Brasil mantiver o rumo de sua política econômica e social e se não houver outra grande recessão no mundo, o mais provável é que continue no caminho do crescimento, apresentando uma série de oportunidades de investimento em diferentes setores.

"O sucesso demorou muito tempo a chegar e a noção de que o país está mudando está alcançando os brasileiros a um ritmo lento", afirma a reportagem de abertura, explicando que a classe média emergente — que este ano, pela primeira vez, corresponde a mais da metade da população, segundo dados do governo — é uma das forças por trás deste crescimento.

O jornal diz que o país, "maior exportador mundial de carne, frango, suco de laranja, açúcar, etanol, tabaco e soja", se consolidou nas últimas duas décadas como superpotência agrícola, e que esse status se deve à modernização e ganhos em eficiência.

O Financial Times lembra ainda que, apesar dos fortes influxos de investimentos no país, para alcançar seu potencial, ainda são necessárias mudanças. "O Brasil precisa de muito mais, não apenas para se preparar para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016. Estradas, ferrovias, portos, energia e outras infra-estruturas vitais precisam de expansão e modernização."

O jornal lembra que o setor de educação, por exemplo, é um dos que precisa melhorar, e que os níveis de escolaridade no país ainda deixam a desejar em comparação a outros na região e em situação semelhante, como a China ou a Coreia do Sul. Segundo o Financial Times, ainda existe também uma diferença muito grande entre a região Nordeste e o resto do país e aponta para o forte - e ainda pouco explorado - potencial do setor de turismo.

O Financial Times elogia os setores de agricultura, bancos, mercado de capitais e ainda elogia o programa de transferência de renda bolsa família, afirmando que ele faz "diferença real". Para o jornal, os investidores estarão atentos a mudanças no país, e casos recentes, que demonstram maior intervenção do Estado na economia, podem ser vistos como motivo de preocupação.

O Financial Times cita especificamente a criação de uma nova empresa para explorar as reservas do pré-sal, e a pressão sobre a Vale para que diversifique seus investimentos.
"No pior dos casos, a combinação de um aprofundamento da crise global e uma mudança na política poderia levantar barreiras no que parece ser um caminho certo para um crescimento mais rápido", diz a reportagem."Mas por agora, parece improvável que essas preocupações tirem o País do rumo", conclui.

O Financial Times traz reportagens sobre setor bancário, mercados de capitais, meio ambiente, turismo, políticas sociais, Nordeste, açúcar, agricultura, mineração, petróleo, energia, educação, infraestrutura, moda, e sobre o medo da violência depois que o Rio foi escolhido como a sede da Olimpíada.

Apesar do cenário ainda indefinido em relação à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jornal diz que dificilmente um dos dois principais pré-candidatos até agora (a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, José Serra) vai mudar os rumos do país drasticamente.

"O desempenho ruim e as dúvidas em relação a si mesmo vão persistir", diz o jornal, "mas o enorme potencial do país e seus tremendos recursos naturais e humanos estão finalmente chegando perto de alcançar o futuro brilhante que não muito tempo atrás parecia destinado a permanecer para sempre fora de alcance".

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