Ele não para de faturar
O empresário Augusto Martínez, da Construtora Mudar, prevê faturamento duas vezes e meia maior em 2009 com o aumento de 400% no número de unidades construídas. Segundo especialistas, setor da construção civil deve ser a mola propulsora para a retomada do rescimento no país
Texto: Silvânia Arriel e Ana Magalhães | Fotos: Nélio Rodrigues
Era final de tarde e via-se de cima Jacarepaguá, o mar, a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Você está com sorte: não há vento.” O ultraleve desliza, sem turbulência. Antes de decolar, havia checado e re-checado todos os equipamentos fora e dentro do apertado aviãozinho, verificadas as condições meteorológicas. “Não podemos ir até as nuvens, não é permitido.” Manteve a altura de 500 pés (167 metros de altura), de olho nos urubus, que espaçadamente apareciam nos céus. “Não se assuste, vou desligar o motor. É hora de preparar para o pouso.” O ultraleve desce sem percalços no aeroclube, numa sequência prevista, estudada, pesquisada. Não há erro. A curta viagem sobre os ares cariocas é extensão da vida do empresário Augusto Martínez, o piloto deste avião e de quatro empresas nas áreas de construção e saneamento, acoplados no grupo imobiliário AGM.
O jeito de agir ali, na cabine do ultraleve, vem da forma como este economista, com curso de extensão em Harvard, lida com os negócios: voa alto até onde o lucro se distende, sem sair do prumo capitalista. Transmutou de produtos para consumidores de alta renda para os de baixa, quando somou o poder de compra deste estrato social, agora afeito ao sonho de consumo da casa própria, ao déficit habitacional do país de 7,2 milhões de unidades. Adição certa: a Construtora Mudar, voltada para esse público, vai faturar este ano 320 milhões, 156% a mais que em 2008. Era para ser acima, mas as restrições ao crédito provocadas pelas turbulências mundo afora fizeram-na voar pouco mais baixo, com trajetória ascendente. A crise, garante ele, só afetou a empresa no quesito financiamento aos clientes e acredita que haverá é oportunidade a quem estiver bem posicionado no mercado. Encontra eco de que a construção civil passará com certa distância deste turbilhão.
“Este é um setor estratégico, fundamental para a recuperação da economia, porque movimenta toda a cadeia produtiva”, diz Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. É onde o governo deverá agir com rapidez, acredita o especialista, com forte subsídio ao sistema de financiamento a consumidores de baixa renda. Justamente aí o foco dos clientes da Mudar, que prevê crescimento este ano. Os números são quatro vezes maiores: de 1,8 mil unidades construídas no ano passado a 7 mil nestes 12 meses, de 160 milhões o valor geral de vendas (VGV) a 650 milhões.
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