| Brasília - O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), disse hoje (25) que as críticas sobre a política externa norte-americana feitas ontem (24) pelo assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, atrapalham o desempenho brasileiro nas negociações internacionais. Azeredo vai levar para o plenário da comissão sua preocupação com a discussão e os efeitos dela envolvendo as divergências entre o Brasil e os Estados Unidos na condução da política externa, referentes principalmente ao apoio ao Irã e à posição assumida na crise em Honduras. “O Brasil tem uma tradição de equilíbrio e de ser pacifista. Ao apoiar líderes como Ahmadinejad [Mahmoud, presidente do Irã] e interferir na política interna de Honduras [o presidente deposto Manuel Zelaya está alojado na embaixada brasileira em Tegucigalpa desde setembro] isso não colabora. [São atos que] só atrapalham as negociações no cenário internacional”, disse o senador. Para Azeredo, o apoio de Lula a líderes polêmicos como os presidentes iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e venezuelano, Hugo Chávez, faz o Brasil assumir um “papel maior” do que o necessário na condução da política externa. “Há uma certa megalomania do Brasil ao assumir posições polêmicas no mundo”, acrescentou. Afirmando querer aprofundar a discussão, Azeredo apresentou à comissão uma proposta para ouvir o novo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza. Segundo o senador, Trezza disse a alguns parlamentares que a agência dispõe de dados sigilosos sobre a política interna iraniana. “Não queremos revelar nada que seja sigiloso, mas precisamos saber o que deve servir como alerta”, disse Azeredo. Para ele, há o risco ainda de eventual contradição entre os discursos de Garcia e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “O ministro das Relações Exteriores é o Celso Amorim”, afirmou. Ontem (24), Garcia disse que Obama decepcionou por causa das posições assumidas em relação à crise em Honduras, ao debate sobre mudanças climáticas e à atenção à América Latina, além das questões referentes ao Irã e à Rodada Doha – de negociações comerciais internacionais na Organização Mundial do Comércio. “Até agora, há um certo sabor de decepção que nós esperamos que se reverta”, reclamou ele, depois de um almoço com o presidente da República Tcheca, Václav Klaus, no Palácio Itamaraty. |
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