BRASÍLIA - Depois de concluir a primeira etapa da análise dos documentos apreendidos semana passada na
Operação Caixa de Pandora
, a Polícia Federal decidiu pedir a quebra do sigilo bancário do governador do Distrito Federal,
José Roberto Arruda
, e de mais 17 investigados no inquérito sobre o chamado mensalão do DEM. A sugestão de quebra do sigilo para o aprofundamento das investigações será apresentada na próxima semana ao Ministério Público Federal. A partir daí, a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge deverá fazer o pedido ao relator do caso, o ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Arruda é acusado de montar um
esquema de cobrança de propina de empresas com contratos com o governo
e de usar parte dos recursos para comprar apoio político na Câmara Legislativa do DF.
Num dos vídeos
, ele aparece recebendo dinheiro das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais
Durval Barbosa
, em 2006, antes de assumir o cargo.
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A quebra do sigilo de todos os investigados, inclusive do governador, é o caminho natural da investigação
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- A quebra do sigilo de todos os investigados, inclusive do governador, é o caminho natural da investigação - afirmou um policial que acompanha os desdobramentos da Operação Caixa de Pandora.
A PF tentará também fazer o rastreamento de parte do dinheiro distribuído por Durval a políticos e altos funcionários do governo Arruda, a partir dos registros feitos pelo serviço de inteligência antes da partilha. Nas fotos aparecem as cintas dos pacotes de dinheiro com os nomes dos bancos de onde os recursos foram retirados antes de serem entregues a Durval. Com as informações, a PF acredita que chegará até a origem de parte do suposto mensalão de Arruda.
Antes da partilha da propina, a PF fazia marcas e fotos do dinheiro. A ideia era levantar provas materiais de toda a movimentação financeira. Mas, para surpresa dos investigadores, não foram encontradas notas marcadas nos R$ 700 mil já apreendidos. A PF também deve começar na próxima semana os depoimentos dos investigados. O delegado Alfredo Junqueira só aguarda o fim da análise dos documentos para expedir as intimações.
Junqueira enviou ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) quatro recibos que, segundo Arruda, comprovariam a compra de panetones com o dinheiro recebido de Durval. Arruda nega que tenha se apropriado dos recursos ou que tenha mandado distribuir o dinheiro entre políticos aliados. Durval sustenta que os recebidos foram forjados pouco antes da operação. Neste caso, a PF terá dificuldades de esclarecer as dúvidas.
- Não há como dizer se os recibos são deste ano ou de 2006 - disse um perito da PF ao GLOBO.
Instituto fará perícia em vídeos gravados por Durval
O INC recebeu também os vídeos gravados por Durval. O Instituto fará perícia para saber se existe alguma adulteração no material. Só depois, as imagens serão enviadas ao STJ. Uma complementação dos vídeos em que Arruda recebe um pacote de dinheiro de Durval foi
divulgada nesta sexta-feira pelo Blog do Noblat
. Neste trecho, Arruda conversa por telefone com o ex-governador Joaquim Roriz sobre votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF).
- Alô, fala governador! Tudo bom. Com saudade... Eu trouxe os documentos pro senhor assinar amanhã... Resolveu, mas a coisa já está adiantada e eu preciso lhe entregar os documentos para o senhor dar uma lida. Igual aquele que... hã... hã... É... uma outra parte. Tá? É... Aonde e que horas?... Tá bom. O senhor tá descendo lá em Águas Claras [residência oficial do governador]? Agora?... Então eu vou ver se acho ele agora e já mando. Um abraço - diz Arruda, desligando.
- Documento do Raimundo? (...) Esse governador é uma parada... - diz Durval a Arruda.
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