sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Censura no Púlpito: CNBB veta críticas a Aécio


Esquenta a reação das entidades civis na Zona da Mata. Alguns já dizem que se trata da nova "Inconfidência Mineira"






















O Novojornal vem publicando sucessivas matérias a respeito do descontentamento da sociedade civil através de suas entidades, principalmente as igrejas, da Zona da Mata mineira, com a atuação da classe política da região. O nível de insatisfação vem sendo traduzido através de criticas.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, foi acusado de censurar exemplares da edição de setembro do jornal da arquidiocese de Mariana, de acordo com informações da Agência Folha.

O leitor Flávio Abelha informou ainda que, além da censura, diversos jornalistas foram demitidos. O editorial da publicação trazia ataques a políticos, em especial ao governador Aécio Neves (PSDB).

O ex-diretor do "Jornal Pastoral" padre José Geraldo de Oliveira, que avalizou o editorial, foi removido do cargo por dom Geraldo em 19 de outubro, segundo o padre, por causa do episódio.

Oliveira afirma que o arcebispo determinou o recolhimento de exemplares do jornal que ainda não tinham sido entregues aos assinantes. No site da arquidiocese, a página 2 da edição de setembro, na qual o editorial foi publicado, não está disponível.

A versão impressa tem tiragem em torno de 2 mil exemplares mensais e é distribuído para 70 municípios mineiros.

O texto, intitulado "Do toma lá dá cá ao Projeto Popular", não é assinado, mas foi escrito pelo padre Antônio Claret, ligado ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Ele afirma que o texto foi solicitado pelo padre José Geraldo.

O editorial cita supostos benefícios bilionários concedidos por Aécio, pré-candidato tucano à Presidência da República, a mineradoras e siderúrgicas em Minas Gerais, e afirma que o governador "vem pegando carona no "lado bom" do governo federal", ao supostamente copiar programas sociais.

O texto também critica a política de alianças do governo Lula e ataca o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com o uso de um palavrão.

De acordo com o texto, "falcatruas" de Sarney, "somadas às de outros senadores e de outros tantos caciques burgueses, fazem das instâncias públicas e políticas, nos seus diversos níveis, um pântano de "merda", que respinga em todo o país e no mundo inteiro".
Dom Geraldo disse que mandou suspender a distribuição do jornal assim que soube do teor do editorial.

Para ele, no entanto, o gesto não configura censura, por se tratar de texto presente em espaço destinado à opinião do jornal da arquidiocese.

"O editorial não poderia comparecer num jornal da arquidiocese, pelo tom do editorial nos termos da linguagem e a posição político-partidária que está subjacente claramente no texto. E a arquidiocese não pode adotar uma postura político-partidária", disse.

Dom Geraldo, na edição de outubro, assinou um texto intitulado "O editorial que manchou a edição". Nele, o presidente da CNBB afirma que o editorial "deixou transparecer uma posição político-partidária, que não é assumida pela Igreja de Mariana".

"Por isso, não concordo, não aceito e não aprovo o editorial. [...] Seja esta a última vez que o Jornal Pastoral incorre em erro tão grave", escreveu o arcebispo. Ele não comenta se mandou recolheu exemplares.

Os padres Antonio Claret e José Geraldo Oliveira negam intuito partidário ou eleitoral. De acordo com Claret, o texto tinha o objetivo de "refletir a conjuntura atual".

Sobre o uso de palavrão no texto, Claret diz que procurou usar uma linguagem "para a sociedade entender". José Geraldo afirma que, apesar de os termos terem sido "fortes demais, exagerados", optou por respeitar a linguagem original.

O tio do governador Aécio Neves, Dom Frei Lucas Moreira Neves, foi Bispo na Bahia e Cardeal Primaz.

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