Cidade Administrativa - a Neverland mineira sai do papel
Projeto da Cidade Administrativa: a fábula já é quase real (e como gasta!) (Ilustração: governo de MG)
Você, caro leitor, certamente já presenciou ou ouviu algum conhecido contar sobre a precariedade do Hospital do IPSEMG (Governador Israel Pinheiro) de Belo Horizonte.
Caso nunca tenha tido esse desprazer, basta clicar aqui para obter pequenas amostras das agruras que os pacientes enfrentam, diariamente, em busca de atendimento naquele hospital. As cenas degradantes de falta de infra-estrutura são corriqueiras, como já mostrou diversas vezes o Jornal da Alterosa. Confira:
http://www.dzai.com.br/video/busca?pchave=ipsemg&start=0
Em dezembro último, a comissão de saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebeu, em audiência, o diretor de saúde do IPSEMG, Roberto Porto Fonseca. Ele afirmou aos deputados que os gastos atingiram o limite e que não há como avançar em 2010.
Sobre isso, eu insisto naquela máxima: governar é eleger prioridades. Então vejamos como anda a (intensa) movimentação (de recursos públicos, principalmente) lá na outra ponta da linha verde, mais precisamente na divisa entre Belo Horizonte, Santa Luzia e Vespasiano.
Desde agosto do ano passado, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão vive intensa atividade, por meio dos pregões para viabilização e provimento da Cidade Administrativa, o principal brilhante da coroa de Aécio Neves. Sem contar a fábula que já foi gasta "só" na construção dos prédios, veja só as últimas aquisições e contratações para a Neverland mineira.
Antes de mais nada, há que se terminar a obra. Para tanto, em outubro último, foram contratados serviços de gerenciamento técnico da finalização e adequação da infra-estrutura lógica, elétrica e predial do empreendimento. Custo: R$ 26,3 milhões (R$ 26.320.000,00).
Obra pronta, é hora de mudar. Mais um pregão, divido em três lotes, com custo total de R$ 558.890,01.
Feita a mudança, é preciso pensar no transporte dos servidores (pois o lugar é longe pra burro!). Então, o governo fechou a contratação do serviço de transporte para o pessoal (estatutários e celetistas, efetivos e terceirizados), entre a estação Vilarinho do metrô e a Cidade Administrativa. Valor: R$ 27,3 milhões (R$ 27.327.998,40).
Desembarcando, será hora do servidor passar pelo sistema de controle de acesso, monitorado por circuito fechado de TV, além de ter que registrar o ponto. Tais sistemas também foram objeto de recente pregão eletrônico, resultando em despesa de R$ 9,4 milhões (R$ 9.399.922,29).
E quanto ao mobiliário? Este é um capítulo (ou uma fábula inteira) à parte. Foram dois milionários pregões. No primeiro, em 17 de setembro de 2009, 17 dos 20 lotes previstos foram concluídos, a um custo de R$ 81,3 milhões (R$ 81.347.198,56). Um mês depois, em 20 de outubro, fecharam-se outros três lotes, num total de R$ 12.557.999,99. Ou seja, apenas em móveis, foram quase R$ 94 milhões (R$ 93.905.198,55).
A propósito, em recente reportagem do jornal Estado de Minas, o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá, Michel Pires, definiu a licitação como o maior contrato de fornecimento já proposto na história da indústria mineira de móveis. Ubá é o principal polo do setor moveleiro em Minas Gerais.
O gasto em móveis, embora astronômico, não chega perto do investimento em informática. Bem, essa rendeu vários pregões. Entre sistemas de comunicação de dados, licenças de software, redes, telefonia e outros, foram quatro pregões, num total de R$ 134.157.895,60.
E como tudo na Neverland mineira é superlativo, imagine só a quantidade de lixo que será produzida pelas cerca de 20 mil pessoas que ali trabalharão. Pensando nisso, mais um pregão, para lixeiras e contentores de resíduos para coleta seletiva. Cinco lotes, que somaram R$ 896.452,98.
E se a Administração Pública vai para longe, o lixo vai junto. Então, há que se gastar também com o aluguel de um veículo para transportar esse lixo. Tome pregão! E mais (ou menos) R$ 7.350,00 na conta do contribuinte.
Mas vai que algum servidor se sinta mal lá naquela "lonjura"! A solução? Pregão para contratação de serviços médicos de emergência e urgência, ao custo de R$ 782.932,92.
Ufa!
E por falar em passar mal, neste exato momento, lá no tal Hospital do IPSEMG, na ponta mais humilde da linha verde, certamente você poderá encontrar pobres contribuintes e usuários do sistema mineiro de saúde, descobrindo como é estar do lado menos prioritário do governo Aécio Never (sic).
Nenhum comentário:
Postar um comentário