sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Arruda debocha da crise política em Brasília

A crise política que envolve o Distrito Federal terá desdobramentos na próxima semana. Na segunda-feira (11), a Câmara Legislativa reabre suas atividades, por autoconvocação. Já na terça-feira (12) haverá a reunião de instalação da CPI da Corrupção. Ao longo desta semana, o governador José Roberto Arruda (ex-DEM) produziu momentos de deboche diante da crise política em Brasília, na qual é o principal envolvido.

A instalação da CPI representa o primeiro passo para o início das investigações de "denúncias de condutas ilícitas e imorais de agentes públicos e políticos, ocorridas no âmbito da Codeplan e outros órgãos da estrutura administrativa do Governo do DF, no período compreendido entre janeiro de 1991 a novembro de 2009”.

O pedido de criação da CPI da Corrupção foi assinado por unanimidade pelos 24 deputados distritais, no ano passado, e deve ser concluída em 180 dias (seis meses). Embora os blocos e partidos devessem ter indicado os nomes dos integrantes da CPI até o dia 10 de dezembro, isso não sendo feito.

Depois de muita discussão, em dezembro passado, ficou decidido que a CPI vai investigar as atividades da empresa estatal Codeplan nos governos de Cristovam Buarque, Joaquim Roriz, Maria de Lourdes Abadia e José Roberto Arruda, embora as denúncias apuradas na Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, sejam relativas especificamente a Arruda”. Os deputados distritais envolvidos no esquema e o próprio governador querem ampliar as investigações.

Sem explicações

Esta semana, numa reunião de secretariado, formado quase na totalidade por técnicos interinos, praticamente anônimos, Arruda falou que estava sendo acusado até de ganhar o prêmio milionário da Mega Sena (que saiu para um brasiliense não identificado).

Na quinta-feira (7), na solenidade de posse de diretores de escolas, disse que estava perdoando os seus acusadores para poder ser perdoado. Ele tem afirmado que a gravação na qual aparece recebendo R$50 mil das mãos do ex-secretário Durval Barbosa, seu denunciante, foi feita em 2005. Garante que esse dinheiro está incluído na sua declaração de doações eleitorais recebidas, tendo sido mesmo usado para a compra de panetones, que costumava distribuir a eleitores.

Em notícia publicada na imprensa local, está explicado que Arruda fez a declaração dessa renda à Justiça Eleitoral poucas semanas antes da Operação Caixa de Pandora vir a público, o que ocorreu em 27 de novembro passado, já antevendo que Durval Barbosa poderia comprometê-lo junto à Polícia Federal.

O governador não explica a gravação autorizada pelo ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no mês de outubro passado, na sua residência oficial, quando recebeu dinheiro ilegal, no valor de R$400 mil, das mãos de Durval Barbosa. Esta é a prova mais contundente contra ele, mas Arruda não cometa o fato.

Presidente envolvido

Os deputados distritais Cabo Patrício (PT); Wilson Lima (Prona) e Milton Barbosa (PSDB), respectivamente vice-presidente; primeiro e terceiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal, reúnem-se nesta sexta-feira para tratar do pedido de afastamento do deputado Leonardo Prudente (ex-DEM) da Presidência da Casa, encaminhado pela bancada do PT.

O deputado Cabo Patrício defende o afastamento de Prudente para que a Câmara possa apurar as denúncias com isenção. Leonardo Prudente é um dos acusados de envolvimento no esquema de pagamento de propinas no Distrito Federal, comandado pelo governador, desvendado pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora.

O local da reunião é mantido em sigilo. A reunião tem caráter informal, porque não foi convocada pelo presidente titular e o pedido não consta no Diário Oficial. Segundo Cabo Patrício, a reunião poderá ser formalizada posteriormente por meio de memorando assinado pelo três parlamentares que dela participarão. O segundo-secretário da Mesa, Raimundo Ribeiro (PSL), só retorna de viagem amanhã (9).

Antes do encontro dos membros da Mesa Diretora, a bancada do PT, formada pelo próprio Cabo Patrício e os deputados Chico Leite, Erika Kokay e Paulo Tadeu se reúnem para tratar das estratégias do partido quanto ao afastamento de Prudente e ao processo de impeachment do governador José Roberto Arruda (sem partido).

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