domingo, 24 de janeiro de 2010

LULA, O Filho de Dona Lindu!

O filme carece de algum suspense, mas mesmo assim os espectadores se mantém imóveis, quietos durante todo o desenrolar . Duas horas de projeção em que, após a morte de Dona Lindu, somos arremessados para a posse de LULA em janeiro de 2003. É quando temos a sensação que filme foi abruptamente interrompido por algum problema técnico. E assim esperamos que o reiniciem, para então compreendermos que as duas horas de projeção já venceram... ao querer mais, nos darmos conta que estamos fora do filme, pois esse personagem é CONCRETO, e não é sonho o que acabamos de assistir.
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Ontem fui ver o filme. Qual a surpresa ao chegar às bilheterias! Na fila, um número surpreendente de jovens, o que me confundiu, pois na mesma sala estava programado Avatar. Achei por bem perguntar ao porteiro qual o filme em exibição. A resposta me deixou aturdido, o que foi compartilhado por alguém da velha guarda, na fila. Era um companheiro do distante ano de 89, ano em que essa garotada ali da fila ainda usava fraldas.

A sala pertence a uma das famílias mais tradicionais da cidade, e gerenciada por uma senhora que, aos gritos e possessa lá nos idos de 1989, quase me arrancou um broche em forma de estrela, afixado no meu peito. Seus empregados foram obrigados a votarem contra Lula, o que Ela comprovou em loco, andando por todas as sessões em que votavam seus empregados, na periferia. Ela torceu por Collor e vibrou, assistindo a edição do debate promovido pela Globo.

Como o mundo girou! Agora, vi, com uma sensação de vingança, eles vendendo ingressos para o FILME DO LULA!

Na anti-sala do cinema, há um cartaz montado com uma página central da VEJA, onde se lê em letras garrafais a crítica em voga de que o filme poderá "ser um cabo eleitoral em 2010". Ora, será que aqueles jovens ali presentes precisarão ver o filme para perceberem o quanto suas vidas mudaram nos últimos oito anos? E, por isso, optarem por Dilma? Será que esse filme tem o poder? É um raciocínio de jerico, e mesmo que fosse verdade, uma confissão de incapacidade cavalar da oposição, já que não há personagens entre eles capazes de protagonizarem um filme Épico. De TERROR, sim!.Já pensou um filme sobre FHC?

Lula, o Filho do Brasil é um filme épico.

Épico, no sentido cinematográfico, é um gênero que retrata contos de grandes heróis, onde todo seu centro se baseia em apenas um personagem principal ou de um povo. E, no filme, é isso que assistimos: é a criação de um mundo que se pareça – em maior ou menor escala – com a realidade concreta. Nele vemos um personagem que já conhecemos, uma história que sabemos seu fim e nem por isso a emoção fica ausente. É até difícil de conte-la, ao ver Lula, em tantas passagens dramáticas, desde seus primeiros anos no sertão Nordestino, até sua fase adulta, no ABC.

Durante a projeção, a atenção sobre o mito Lula, vai se misturando com uma personagem forte, cuja presença nos dá a dimensão exata da grandeza do caráter desse homem: Dona Lindu! Se por um lado a narrativa faz uma descrição exata dos personagens em torno de Lula, como o Pai alcoólatra e o meio sindical violento, não poupou a doçura e a presença forte de Dona Lindu, na trajetória da vida de LULA. Foi essa Mãe zelosa que segurou a barra quando Lula perdeu esposa e filho e que por tantas vezes o alertou sobre o perigo do meio sindical.

Lula, o Filho do Brasil: Duas horas de filme, em que o diretor só mostra o Lula desconhecido por nós. De sua saída do sertão nordestino, até a morte de sua Mãe, enquanto estava preso pela Ditadura Militar dos anos 70.



“O Espectador e o Fenômeno da Identificação", que trata a Psicologia, de como funciona a mente do espectador e como os narradores cinematográficos podem fazer com que ele se identifique com elementos do filme e capturar a sua atenção pela história sendo contada.

Identificamos com Lula, sim, e daí? Não por acaso, a elite reconheceu em LULA um perigo iminente, pois não é qualquer um que consegue parar 10 mil metalúrgicos em pleno regime militar. Pregaram aos quatro cantos sua condição de analfabeto e surpreenderam com sua FENOMENAL inteligência. No filme, há passagens magníficas sobre como Lula percebe erros grosseiros na comunicação com os sindicalizado e como utiliza recursos sofisticados para fazer-se ouvir pelas massas, durante os comícios, perante MILHARES DE PESSOAS.

Vi um comício de LULA, em BH, programado para as 10 da noite, onde por volta das 15h00, já havia 40 mil pessoas esperando...DEBAIXO DE CHUVA!!!

No filme, em alguns momentos pensei que viria FHC, pois, segundo me disseram a repressão militar também o atingiu. Ou aquela história de que Ele foi aposentado aos 39 anos não procede?

Lembrei de José Serra também


Há uma passagem no filme, onde Dona Lindu socorre os pequeninos de uma enchente. 50 anos se passaram e até hoje o Estado de São Paulo permite que as enchentes atinjam os migrantes Nordestinos...

Obs; Maluf é citado no filme. Há estampada uma manchete sobre uma declaração de Maluf, que afirmava que a greve era caso de Polícia!



Oni Presente

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