A procuradora do Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) Arinda Fernandes disse à ÉPOCA se sentir ameaçada pela promotora Deborah Guerner, investigada pela Polícia Federal na operação Caixa de Pandora. A operação apura denúncias de corrupção na gestão do governador José Roberto Arruda (DEM). ÉPOCA teve acesso a mensagens trocadas entre Arinda e Deborah. Numa delas, Arinda afirma: "Se alguma coisa acontecer a mim ou à minha família, a senhora (Deborah) e o seu marido (Jorge Guerner) serão considerados os primeiros suspeitos".
As declarações de Arinda Fernandes aumentaram a temperatura da crise instalada no Ministério Público do DF desde que Época revelou, na edição desta semana, trocas de emails em que promotores comentam o suposto envolvimento do procurador-geral do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, e da promotora Deborah Guerner no escândalo do DEM de Brasília. Nas primeiras mensagens divulgadas por ÉPOCA, os representantes do MPDF falam de ameaças, corrupção e até da possibilidade de assassinato.
A troca de farpas entre a promotora e a procuradora começou quando Arinda sugeriu que Deborah se dirigisse à Corregedoria do MP para transformar em denúncias as insinuações sobre supostas irregularidades cometidas por Bandarra. Antes, Déborah encaminhara um email na intranet dizendo que não ficaria "calada" para não "macular a sua honrada pessoa". Era, aparentemente, uma referência a Bandarra.
Deborah e Bandarra foram citados por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, em depoimento à Polícia Federal. Barbosa afirmou ter sido procurado pela assessora de Arruda Cláudia Marques. Segundo Barbosa, Cláudia teria feito a visita em nome de Bandarra e de Débora para pedir a ele que ajudasse a retirar da internet uma notícia desfavorável aos dois. O jornalista Roberto Kuppê publicara em seu blog que Deborah e Bandarra teriam favorecido empresas de lixo em contratos emergenciais com o governo do Distrito Federal.
A seguir os principais trechos da entrevista com a procuradora do Ministério Público do Distrito Federal, Arinda Fernandes:
Arinda Fernandes - Não posso falar porque eu já fui até ameaçada por duas pessoas.
Arinda - Por ela e por outra promotora.
Arinda - Nas entrelinhas sim.
Arinda - Não queria falar. A situação no Ministério Público está insustentável. É uma crise muito grave que estamos vivendo. E crise de valores. Falta de respeito. Falta de ética. Estou impressionada porque, em termos de antiguidade, sou a nona mais antiga na carreira. Estou vendo o Ministério Público ingressar numa fase jamais vista. Isso tudo realmente nos assusta. Vários colegas estão se sentindo assim. Não sei nem qual será a atitude do procurador-geral da República (Roberto Monteiro Gurgel). Pode ser uma atitude séria em razão do que existe. Estamos reféns de muitas coisas.
Arinda - Acho que, em última instância, ele é a maior autoridade, considerando que é o chefe do Ministério Público em todo o Brasil. E nosso. Nós (MPDFT) somos um ramo do Ministério Público da União.
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