“A oposição se propõe a derrotar um mito. E tentará fazê-lo sem reunir sua força máxima”.
Era um inferno. Sempre que passava por ali, o elefante esmagava a entrada do formigueiro. Então as formigas decidiram reagir.
Um dia, aos milhares, saltaram sobre o elefante e começaram a picá-lo. Com um abanão das orelhas, o elefante livrou-se delas. Restou uma agarrada ao seu pescoço.
“Esgana o bicho, esgana”, gritavam as outras em coro.
O elefante da história está mais para Lula, aprovado por oito entre 10 brasileiros, assim como as formigas estão mais para a oposição – PSDB, PPS, DEM em fase terminal e uma fatia do PMDB.
Quem será a formiga que insiste inutilmente em esganar o elefante? Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado?
Ora, Arthur anda sumido desde que perdeu a batalha pelo afastamento de José Sarney da presidência do Senado. Há duas semanas, voou para um café da manhã com Barack Obama
O Amazonas de Arthur é fortaleza do lulismo. Ele pretende se reeleger. Sabe como é...
A formiguinha suicida seria José Agripino Maia, líder do DEM no Senado?
Agripino anda muito ocupado com o escândalo que engoliu o único governador do seu partido, José Roberto Arruda, do Distrito Federal, preso numa cela da Polícia Federal,
E Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB?
Poupemos Guerra. O coração dele bate acelerado diante da demora do governador José Serra, de São Paulo, em se declarar candidato à vaga de Lula. E bate aflito diante do risco do próprio Guerra não se reeleger senador por Pernambuco. É uma carga dupla e bastante pesada.
De Aécio Neves, outra estrela do infausto formigueiro, diga-se que jamais aprovaria o plano de um ataque em massa ao elefante.
Se dependesse dele, o formigueiro simplesmente teria mudado de endereço para escapar de eventuais danos. Como não o levaram em conta, mergulhou terra à dentro e foi cuidar de sua vida.
Tudo deu certo para Lula desde que se elegeu presidente em 2002. Seu governo sobreviveu ao explosivo escândalo do mensalão. A economia cresceu. Milhões de brasileiros ascenderam à classe C. A maioria dos partidos se rendeu aos seus encantos. E o PT à candidata que ele sacou do bolso.
Dizem que a próxima será a primeira eleição em 21 anos onde os brasileiros estarão impedidos de votar
Dilma só existe como candidata porque Lula a inventou. Nada mais direto, pois, do que o apelo que orientará sua campanha: votar em Dilma significa votar em Lula.
Caberá à oposição separar os dois – fácil, não?
A ela caberá também a difícil tarefa de vender Serra como o melhor candidato pós-Lula. Melhor até mesmo do que Dilma, a quem Lula escolheu. E logo quem?
E logo Serra que concorreu contra Lula em 2002. Se Serra tivesse vencido não haveria Lula presidente por duas vezes. Oh, céus!
O ex-metalúrgico que chegou ao lugar antes privativo dos verdadeiros donos do poder deixou de pertencer à categoria dos homens comuns – embora daí extraia sua força.
Foi promovido nos últimos oito anos à condição de mito. E como tal deverá ser encarado pelas futuras gerações. É improvável que alguém como ele reprise sua trajetória.
A oposição se propõe a derrotar um mito. E tentará fazê-lo sem reunir sua força máxima.
Serra está pronto para conversar com Aécio sobre a vaga de vice em sua chapa. Quanto a isso, há duas coisas mais ou menos certas. Serra oferecerá a vaga a Aécio. E Aécio a recusará.
Descarte-se a hipótese de Serra sugerir: “Bem, nesse caso, você sai para presidente com meu apoio e eu irei disputar um novo mandato de governador”.
Aécio tem a resposta na ponta da língua: “Agora, é tarde. Quis ser candidato. Sugeri a realização de prévias dentro do partido. Não fui ouvido. Serei candidato ao Senado”.
E aí, José?
Aí José só vencerá a eleição se Dilma conseguir perder para ela mesma.
Possível, é, embora...
Blog do NOBLAT
Nenhum comentário:
Postar um comentário