Se o maníaco tivesse sido condenado pelo latrocínio que cometeu em 2004, estaria na cadeia e não nas ruas para violentar e estrangular cinco mulheres
Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas
Thobias Almeida - Estado de Minas
Publicação: 27/02/2010 08:17 Atualização: 27/02/2010 08:46
Marcos Trigueiro também é suspeito de latrocínio em setembro de 2004 |
Marcos Antunes Trigueiro, o serial killer preso na manhã de quarta-feira, não deveria ter cruzado o caminho das cinco mulheres que violentou e estrangulou em 2009. Desde setembro de 2004, quando foi detido por cometer um latrocínio – matar para roubar – contra o taxista Odilon Eustáquio Ribeiro, deveria ter sido mantido atrás das grades, pois, para esse tipo de crime, é prevista pena de 20 a 30 anos. Naquele mês, ainda na delegacia, ele confessou, em frente às câmeras de TV, ter executado o motorista – as imagens foram exibidas novamente ontem pelas emissoras. Também ontem, Marcos contou, com detalhes, como estuprou e estrangulou as cinco mulheres. Mas a Polícia Civil não descarta a possibilidade de o maníaco ter cometido outras atrocidades, como, segundo a corporação, o assassinato da própria enteada, um bebê de 3 meses.
No Bairro Niterói, em Betim, na Grande BH, onde Marcos morou com a mãe da criança, Maria Aparecida Gonçalves, vizinhos contam que o rapaz jogou a menina na parede. Ele teria matado a criança por vingança. "A mulher não quis ficar com ele, que descontou no bebê", recorda o mecânico Raul Braz Tavares, de 52 anos. Trigueiro teria matado o bebê pouco depois de executar o taxista. Ele foi preso pelo latrocínio, mas, 30 dias depois, ganhou liberdade, pois a Polícia Civil não reuniu provas suficientes para mantê-lo na cadeia. Se ele tivesse sido condenado pelo assassinato do motorista, a vida da criança seria a sexta poupada.
Temporária
Para latrocínio, a pena prevista é de 20 a 30 anos de reclusão em regime, inicialmente, fechado. É a pena mais alta do Código Penal Brasileiro. Supera a de homicídio (12 a 30 anos). Marcos foi preso um dia depois de assassinar Odilon, mas ficou na cadeia por apenas 30 dias, por ordem de uma prisão temporária. "O próprio juiz, de ofício, decretou a liberdade, pois não havia elementos para a denúncia. Se houvesse, novamente o próprio magistrado haveria convertido a prisão temporária em preventiva. Possivelmente, as mulheres não teriam morrido", acredita o promotor Márcio José de Oliveira, da comarca de Betim, atual responsável pelo caso.
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O promotor lamenta a falta de provas suficientes para condenar Marcos: "A denúncia não foi feita, pois não havia nem o auto de necrópsia, cuja cópia foi encaminhada em agosto de 2007". O inquérito recebeu o número 002704040147-6 quando chegou ao fórum de Betim. A movimentação dos autos chama atenção de quem acessa o site do Tribunal de Justiça (TJ). O processo chegou ao fórum em 20/9/2004. Em 30/11/2004, foi devolvido ao 4º distrito de polícia daquela cidade, retornando ao Judiciário quatro meses depois: 20/4/2005.
Em 25/5/2005, foi novamente encaminhado à delegacia, onde ficou por quase 16 meses (11/9/2006). Em 6/10/2006, foi devolvido ao 4º distrito, ficando lá até 24/8/2007. Em setembro de 2008, voltou à delegacia, sendo encaminhado ao Judiciário somente anteontem, um ano e quatro meses depois. Coincidência ou não, na mesma data em que o exame de DNA feito com material colhido na mucosa bucal do rapaz bateu com as amostras de sêmen coletadas nos corpos de três das mulheres vítimas do maníaco. A Polícia Civil informou que o processo não ficou parado na delegacia, pois, durante o tempo em que os autos ficaram sob a custódia da corporação, foram feitas diligências e outros trabalhos.
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