terça-feira, 9 de março de 2010

Brizola Neto: Serra e o "fogo (nem tão) amigo" de FHC e Jarbas

Os movimentos, na política, não são cartesianos. O que parece, nem sempre é. Mas quando os períodos eleitorais vão se aproximando, as sutilezas, se não desaparecem, ao menos descem da ribalta e o alinhamento passa a ser a regra. Isso não é absurdo, é assim mesmo o processo.

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

Você consegue imaginar um político subindo no palanque de um aliado e dizendo “fulano, eu sou contra isso aqui que você fez, detesto este camarada que está aí do seu falo, discordo de sua política para isso e para aquilo, mas te apóio, porque não quero que o outro ganhe a eleição”?

Pois é, quando isso acontece, tem batata na chaleira.

Fiquei pensando nisso ontem, depois de ler a entrevista do senador Jarbas Vasconcellos, disparando uma saraivada de críticas a José Serra — e também a Aécio Neves —, dizendo que a oposição “está sendo atropelada pelos fatos” e que “o tempo de Serra acabou”.

Li também as opiniões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veiculadas na coluna do jornalista Kennedy Alencar, no UOL, igualmente duras, no mesmo sentido das de Jarbas. Nela, o ex-presidente parece defender, a todo custo, uma chapa Serra-Aécio já não para vencer, mas para ter uma “derrota honrosa”. Transcrevo, literalmente: “Melhor eventual derrota mostrando de forma agressiva que o PSDB é também responsável por políticas públicas hoje identificadas apenas com Lula do que realizar uma campanha acuada.”

Evidente que ambas as manifestações são recados, e nada amistosos, de que o relutar de Serra em ser candidato e a recusa de Aécio em assumir a vice vão lhes custar caro. Não apenas sobre Aécio, mas sobretudo sobre Serra, é pressão e pressão com dentes à mostra. E o fato de ser feita, e feita desta forma, faz crer que a possibilidade de Serra estar refugando não é nada improvável.

Tangem Serra à candidatura como a um matadouro. E mostram que não lhe perdoarão o recuo.

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