O presidente do PSDB paulista, deputado Antonio Carlos de Mendes Thame, tem um objetivo na cabeça: quer garantir que o candidato tucano à presidência obtenha no estado de São Paulo uma votação muito superior à da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Planalto. Thame não cita números, mas lembra que, em 2006, o então candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, conseguiu no primeiro turno uma vantagem de quase 4 milhões de votos sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os eleitores paulistas.
Os tucanos agora querem repetir a dose e, se possível, ampliar a diferença. Como vão conseguir isso eles ainda não sabem, mas já arregimentaram uma equipe de 47 coordenadores para traçar um plano de campanha que garanta o cumprimento desta meta.
Não vai ser uma tarefa fácil. A começar pelo fato de que nem candidato o PSDB tem. Ainda que não seja segredo pra ninguém que o governador de São Paulo, José Serra, seja este candidato, não houve por parte do governador nem de seu partido a iniciativa de oficializar a candidatura. Algo que só deve ocorrer, segundo informações que circulam nos bastidores, no dia 22 de março.
Uma reunião do diretório estadual do PSDB estava agendada para esta segunda-feira (8) para tratar do assunto, mas foi esvaziada na última hora, para evitar a saia justa de colocar o governador José Serra sob a pressão de anunciar mais rapidamente sua candidatura.
Segundo o noticiário do portal R7, a intenção dos tucanos é "arrasar" Dilma em São Paulo, garantindo uma grande diferença de votos a favor de Serra e contribuindo, assim, para equilibrar a votação nacional, já que as pesquisas anunciam que Dilma deve superar o tucano em regiões como o Norte e o Nordeste.
"Ganhar em São Paulo é condição necessária, mas não suficiente para uma vitória nacional. Temos que ir bem aqui", declarou Thame.
Os números exatos
Em 2006, na votação do primeiro turno no estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (candidato do PSDB-PFL) obteve 11.927.802 votos (54,19% dos votos válidos), enquanto Lula (da coligação PT-PRB-PCdoB) ficou com 8.091.867 votos (36,76%), uma diferença de 3.835.935 votos.
Já no segundo turno, esta diferença diminuiu muito a favor de Lula. O candidato tucano terminou sua derrotada campanha pela Presidência obtendo o voto de 11.696.938 eleitores paulistas (52,26% dos votos válidos), enquanto Lula viu crescer sua votação no estado para 10.684.776 votos (47,74%). A diferença entre os dois candidatos, que no primeiro turno foi de quase 4 milhões de votos, no segundo turno passou a ser de apenas 1.012.162 votos.
Deslocados da realidade
Para a presidente estadual do PCdoB de São Paulo, Nádia Campeão, as metas anunciadas pelo tucanato estão deslocadas da realidade e não há "absolutamente nenhum fato objetivo que sustente tal pretensão". Nádia argumenta que a disputa de 2006 pela reeleição do presidente Lula deu-se num contexto muito mais desfavorável do que hoje. "Ela (a campanha) ocorreu sob o impacto da grave crise política causada pelo chamado 'escândalo do mensalão' e sob forte ataque da mídia contra o governo. E, em São Paulo, tivemos ainda o caso do 'dossiê Vedoin', que também trouxe prejuízos para a campanha petista", lembra Nádia.
Segundo a dirigente comunista, hoje a situação é bem diferente. "Estamos mais fortalecidos, mais bem posicionados, inclusive na disputa estadual, da qual devemos participar com uma frente ampla de partidos. Além disso, o governo Lula é muito bem avaliado, enquanto as gestões demo-tucanas do estado e da capital acumulam sérios desgastes", afirma Nádia. "Não há, portanto, nenhum motivo para se acreditar que os tucanos terão um desempenho superior em São Paulo. Pelo contrário.", diz.
Para ela, se a oposição de direita for contar com uma vantagem esmagadora de Serra em São Paulo para poder garantir a vitória do tucano, "é melhor já ir contabilizando o resultado como derrota".
Cláudio Gonzalez
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