segunda-feira, 1 de março de 2010

Serra perdeu para o primeiro METALÚRGICO. Agora vai perder PARA A PRIMEIRA MULHER

Serra no sufoco

A mais recente pesquisa de intenção de votos do Datafolha traz uma coleção de más notícias para José Serra, o provável candidato do PSDB à sucessão de Lula.

Dilma Rousseff subiu – ele caiu. Dilma cresceu no Sul e no Sudeste, ainda fortalezas de Serra. A rejeição de Serra é a maior. Dilma bate Serra no voto espontâneo.

Está bom ou quer mais?

Então um pouco mais.

Serra perdeu três pontos percentuais no Sudeste, onde vivem 42% da população adulta do país. A vantagem dele ali sobre Dilma desabou oito pontos percentuais. Dos eleitores ouvidos pelo Datafolha, 42% afirmaram que pretendem votar no candidato de Lula. Outros 26% que talvez votem.

Diga-se de Serra que é um político experiente, realista e cerebral.

Em análise esboçada antes mesmo de o Datafolha ir a campo avaliar o humor dos brasileiros, ele listou algumas das dificuldades que enfrentará para se eleger presidente da República. Uma delas: o discurso de candidato.

Reconhece que o de Dilma, por ora, é superior ao dele. Dilma prega a continuidade de uma situação aprovada pela esmagadora maioria dos brasileiros. E ainda promete fazer algumas mudanças para melhor. Eleição, aqui ou em qualquer parte, se define com base em dois verbos: manter ou mudar.

Em 1998, quando o real começava a fazer água, o presidente Fernando Henrique se reelegeu por pouco ainda no primeiro turno. O medo do real se desmanchar com uma eventual eleição de Lula levou os brasileiros a conjugar o verbo manter. O real desmanchou-se em seguida no colo de Fernando Henrique.

Ainda vale a divisão simplificada do eleitorado proposta em 2002 pelo marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula.

Um terço vota no PT, um terço contra o PT e o outro terço decide a eleição. Até início de abril, Lula repassará a Dilma os votos do PT – mais rapidamente do que se imaginava.

O terço contra o PT está com Serra – e com ele permanecerá. Como atrair a fatia maior do terço restante?

Serra tem uma vaga idéia. Dilma tem uma idéia pronta. Serra sabe que a lembrança do segundo governo de Fernando Henrique poderá derrotá-lo – como o derrotou em 2002. Nada mais favorável a Dilma do que a lembrança do período Lula.

Uma vez obrigado a engolir Dilma, o PT está empenhado em elegê-la. Para isso sacrificará qualquer candidato a governador – Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, inclusive.

Lula só espera a hora de varrer as candidaturas do PT ao governo de Minas Gerais para apoiar a candidatura de Hélio Costa (PMDB).

E o PSDB?

Desgastada por suspeitas de corrupção, Yeda Crucius, governadora do Rio Grande do Sul, insiste em tentar se reeleger. A candidatura de Beto Richa ao governo do Paraná desmontou o palanque que Serra armava por lá com a ajuda do PDT. Tasso Jereissati, no Ceará, é um problema para Serra. E Sérgio Guerra, em Pernambuco, outro.

O DEM já foi melhor companhia – aí a desgraça do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, pôs tudo a perder.

Geraldo Alckmin é disparado o favorito para ganhar o governo de São Paulo. Mas se ele tocar a campanha em cima de suas realizações passadas como governador, esquecendo as de Serra? Isola! Bate na madeira!

Serra e Dilma provaram ser competentes como operadores do poder. Serra precisa provar que também é competente como operador político.

Operador do poder impõe. Operador político compõe. Dilma tem ao seu lado um magnífico operador político – Lula. O de Serra terá de ser ele mesmo.

Nas próximas semanas, espera-se de Serra alguma prova de maestria política. Só parece haver uma capaz de assombrar seus pares e assustar os adversários: a conquista de Aécio Neves para a vaga de vice. Se isso não ocorrer, Serra irá à luta dependendo do acaso, da sorte ou do erro do adversário para vencer.

Irônico, pois é. Quem serviu de sparring para que primeiro operário chegasse lá poderá também servir de sparring para que a primeira mulher chegue.

 

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