Agricultores e policiais se enfrentam no RS; duas pessoas ficam feridas
Um grupo de mil manifestantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) entrou em confronto no final da manhã desta quarta-feira (3) com soldados da BM (Brigada Militar) durante protesto na BR-471,
Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), os manifestantes tentaram ingressar à força em um parque de exposições onde se realizava a abertura oficial de uma feira de fumicultores. A solenidade contou com a presença da governadora Yeda Crusius (PSDB).
Os agricultores avançaram com um carro de som e com um ônibus em direção aos policiais, que bloqueavam a entrada do parque. Os PMs reagiram disparando tiros com balas de borracha e bombas de efeito moral. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas – uma mulher foi atingida no rosto.
Os manifestantes estão acampados desde a última quinta-feira (25) na rodovia,
A rodovia ficou bloqueada por mais de 30 minutos. Depois, foi liberada apenas em meia pista.
Yeda participou da abertura da exposição. Ligados ao MPA, os agricultores também reivindicam aumento no pagamento da safra de fumo deste ano. Segundo a assessoria de imprensa da governadora, ela não viu os manifestantes.
O MPA é um movimento de cooperativas agrícolas e de pequenos proprietários organizado em 17 Estados do país. Reúne agricultores familiares que defendem um novo modelo agrícola, com prioridade para a produção de alimentos sem uso de defensivos ou sementes transgênicas. Eles também acusam o agronegócio de supervalorizar o preço dos alimentos com uso intensivo de tecnologia. O movimento é ligado ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
Mais protestos
Outras duas rodovias gaúchas foram bloqueadas esta manhã por protestos de agricultores. Em Palmares do Sul, no litoral norte, a RS-569 foi interrompida por uma centena de colonos que protestavam contra a violência contra as mulheres. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, cerca de 500 manifestantes participaram do ato.
Em Esteio, na região metropolitana, 800 mulheres ligadas à Via Campesina protestaram na BR-116 contra o plantio de soja transgênica pela Solae. Elas bloquearam o acesso da empresa, resultado de uma fusão entre a Du Pont e a Bunge. Algumas das manifestantes amamentavam réplicas de esqueletos humanos feitas de isopor.
Segundo a coordenadora da Via Campesina, Ana Hanauer, o protesto tinha o objetivo de chamar a atenção sobre os riscos à saúde da população o uso de agrotóxicos e transgênicos pelas grandes empresas produtoras de alimentos.
“O padrão alimentar imposto pelo agronegócio traz riscos graves à saúde da população”, disse a coordenadora. Cerca de 150 mulheres impediram a entrada de caminhões carregados de soja na sede da empresa, que é uma das maiores processadoras do grão no país. Ela disse que o movimento marca o início de uma jornada de lutas em alusão ao dia internacional da mulher, comemorado no próximo dia 8 de março.
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