domingo, 2 de maio de 2010

Apertem os cintos, a manchete sumiu!

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Vocês viram que, mais cedo, postei um comentário sobre a manchete da Folha de S. Paulo falando do crescimento de 23% dos homicídios na capital paulista e, também, em todo o Estado de São Paulo, não é?
Aí, mais tarde, recebi um telefonema de um amigo:
- Cara, você ficou maluco?
- Eu? Que é isso, fulano?
- Como é que você me bota aquele post sobre a notícia da Folha, dizendo que os assassinatos subiram 23%, e eu estou com o jornal na mão e não tem nada disso?
- Mas, fulano, tá lá, li a Folha cedo, na internet.
- Ah, então isso só saiu na internet.
- Não, tá no jornal impresso, eu peguei o fac-símile da capa e li na edição digital. Tá lá a reprodução no post da capa da Folha
- Ah, não, aquilo é montagem, só pode ser.
- Cara, você acha que eu ia vacilar e forjar uma capa da Folha?
- É, não ia dar um mole destes…
- O que pode ter acontecido é terem trocado a manchete na edição que vem pro Rio e vai para os outros Estados…Vê se não tem a mesma chamada, menorzinha, aí…
- Não, não tem nada…
- Então tiraram a primeira página, deve estar no caderno Cotidiano, olha lá…
- Não está…
- Nada?
- Nadica de nada…
Bom, claro que fui correndo atrás de um exemplar da Folha. E meu amigo estava certo. Na edição que este jornal “a serviço do Brasil” distribuiu para o país inteiro, o crescimento da violência em São Paulo foi, simplesmente, suprimido.
Pode-se admitir que, por critérios editoriais, o jornal preferisse abrir outra manchete nacional, embora, a meu ver, a importância de São Paulo e o mais do que expressivo salto nas mortes violentas continuassem a ser mais interessantes para quelaquer leitor da Folha, em qualquer parte do país do que uma queda de 12% no superávit do Governo no trimestre.
Mas aí é critério do jornal. Estranho, mas não critico.
O pulo nas mortes violentas em São Paulo, porém, merecia pelo menos um cantinho, uma chamadinha, não é?
Não, não é.
Não mereceu sequer uma linha nas 84 páginas da edição nacional da Folha.
Ela foi arrancada da capa do caderno C2, assim como a rica matéria, com gráficos e fotos, que está na segunda página deste caderno. O caderno encolheu duas páginas na edição nacional e remanejaram os necrológios e os anúncios fúnebres, para a coisa se encaixar.
E não digam que violência é um assunto exclusivamente local, pois o espaço mais nobre do jornal, sua coluna editorial é dedicado a este problema…no Rio de Janeiro!
Também não foi falta de espaço, porque a outra nota trocada na primeira página foi a da nomeação de Andrea Matarazzo para a Secretaria de Cultura paulista, mas a matéria está lá, bem grande, na página C6, para todo o país.
Semana passada assumiu a nova “ombudswoman” da Folha, que avisou que ia ignorar os blogueiros e cuidar dos leitores do jornal.
A dona Suzana Singer me perdoe, mas eu e meu amigo somos leitores do jornal e ele me chamou de maluco e mentiroso por causa do que fez o seu jornal.
O que é manchete do jornal em São Paulo não merece uma linha sequer para o resto do país?
Ou isso é o resultado de uma esquizofrenia editorial entre vender jornal em São Paulo e “vender” José Serra no resto do país?
Ainda bem que não sou jornalista, para não ter motivos profissionais para me enojar do que a Folha fez.
Só fico enojado como cidadão brasileiro.

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