segunda-feira, 24 de maio de 2010

Artilharia voltada para Dilma

Com vantagem de petista em pesquisas, aliados de Serra querem tom mais agressivo contra candidata de Lula

Diego Abreu


O crescimento de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenções de voto divulgadas nas últimas duas semanas acendeu um sinal de alerta no ninho tucano. Lideranças ligadas à campanha de José Serra (PSDB) avaliam que chegou a hora de intensificar as comparações entre as biografias dos dois principais pré-candidatos à Presidência da República. A análise é de que a exposição na TV, a partir de junho, pode alavancar o nome de Serra, o que, para aliados, será uma boa oportunidade para o tucano mostrar-se como um candidato mais experiente que a concorrente.

Os números mais recentes do Instituto Datafolha, apresentados no fim de semana, colocam Dilma e Serra empatados em 37%. Marina Silva (PV) aparece com 12%. Em relação ao levantamento feito em abril, o tucano caiu cinco pontos percentuais, enquanto a petista subiu sete. A tendência crescente de Dilma já havia sido mostrada por pesquisas anteriores, como a Sensus e a Vox Populi, divulgada pelo Correio em 16 de maio, que mostrou Dilma com 38% contra 35% de Serra. Os números do Datafolha apontaram ainda que a ex-ministra da Casa Civil leva 1% de vantagem sobre o ex-governador de São Paulo em um eventual segundo turno. A pesquisa, registrada no TSE sob o número 12.044/2010, foi realizada na quinta e sexta-feira com 2.260 pessoas. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), defende que Serra mantenha a estratégia de não atacar o governo Lula, cuja popularidade avaliada pelo Datafolha subiu de 73% para 76%. Ele (Serra) tem líderes no Congresso para fazer isso (criticar o governo Lula), diz. O senador, porém, enxerga o momento como oportuno para as comparações.

O nome mais forte do país é o do presidente Lula. E o segundo é o Serra. Ele é uma pessoa muito respeitada. Ninguém botou a mão no ombro do Serra. Ele não é encosto. Cresceu na vida pública por seus méritos, sem ninguém botar mão no seu ombro, afirma Virgílio, já mostrando o tom das críticas que a oposição deve intensificar contra a pré-candidata petista.

O senador Álvaro Dias, do PSDB-PR, prega que as críticas contra Dilma sejam intensificadas. Ele também quer que o governo Lula seja alvo dos ataques. Para Dias, caberá à oposição adotar força e contundência, e mostrar de forma construtiva que Serra tem competência para presidir o Brasil. O Serra não faz críticas pessoais (contra Lula), mas tem feito críticas ao governo. A intensidade é que tem que ser medida. Acho que é preciso endurecer sim, mas nas oportunidades certas e com conteúdo. Será uma tendência natural da campanha, diz o paranaense.

Em relação às críticas, Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM, aposta na desconstrução da biografia de Dilma, sem a necessidade de ataques a Lula. O Serra não tem que criticar o Lula. O adversário dele é a Dilma. É preciso desconstruir esse currículo dela, que em muitos pontos não é verdadeiro. Essa é a maior vulnerabilidade dela. O PT vem criando uma imagem que não existe.

Com o novo cenário das pesquisas, volta à cena a ideia de convencer o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) a aceitar ser vice de Serra e assim fortalecer a chapa. Rodrigo Maia insiste na possibilidade. Aécio já declarou a preferência por disputar uma vaga no Senado e, assim, divulgar o nome de Serra em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país.

Embora ainda haja um esforço para convencer Aécio, o movimento perdeu força no PSDB. Álvaro Dias considera que não será a escolha de um nome para o cargo que fará a diferença na disputa contra Dilma, que já anunciou o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), como seu vice. Não podemos supervalorizar essa questão do vice. O vice é um complemento. Especular em torno do nome de Aécio não ajuda nesta hora. Acho que ele (Serra) tem que bater o martelo quando tiver convicto de que fez a escolha certa, observa o senador.

A pesquisa Vox Populi foi realizada entre 8 e 13 maio, ouvindo 2 mil pessoas nas cinco regiões do país. Foi registrada no TSE com o número 11.266/2010

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