terça-feira, 18 de maio de 2010

Incêndio no Butantan é exemplo do descaso do governo José Serra

A destruição da maior coleção científica de cobras do mundo – durante o incêndio que atingiu o Instituto Butantan, na manhã do último sábado (15) – foi definida como uma perda incalculável do ponto de vista histórico e científico por pesquisadores de todo país. Mas segundo alerta o diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), Hussam Zaher, o acervo pode ter sido negligenciado pelo Poder Público. “A ciência foi deixada de lado”, criticou nesta segunda-feira (17).

O pesquisador denuncia que o Prédio das Coleções do instituto não possuía um sistema adequado de combate ao fogo. A construção do galpão que abrigava os espécimes também era imprópria para o acervo que guardava.

“A coleção era muito bem curada. O que faltou aí foi gestão do Poder Público, entender a real dimensão da importância daquilo que ele tinha e colocar à disposição os recursos necessários para proteger esse patrimônio”, afirmou Zaher, à Agência Brasil.

Zaher alerta que teme que o mesmo possa ocorrer no museu que dirige, na USP. “Espero que isso sirva de lição. Sou diretor de um museu que é o maior do Brasil e o maior da América Latina. No Museu de Zoologia, temos 10 milhões de exemplares preservados. Se esse museu queimar, não sei o que dizer”, lamentou. “Há anos estamos pedindo um prédio novo. Estamos esgotados. Não há mais espaço. Há anos clamamos por condições melhores. Estamos em condições precárias”, queixou-se.

A perda do material do Butantan, segundo Zaher, não foi financeira, mas científica. “O prejuízo foi do conhecimento, da perda de um patrimônio científico inestimável. Isso é uma perda que não se recupera mais. Não temos como recuperar esse acervo que foi construído ao longo de 100 anos de pesquisa, em muitas áreas que não existem mais. Durante esse período, exemplares foram coletados em regiões que, agora, são estacionamentos, cidades, fazendas ou que foram totalmente destruídas. Essa história não pode ser refeita”, explicou.

Antes mesmo da conclusão do inquérito policial que investiga as causas do incêndio, é possível afirmar que o grande responsável pelas perdas irreparáveis dos mais de 500 mil espécimes do acervo foi o despreparo e a inexistência de Políticas Públicas efetivamente comprometidas com as pesquisas científicas em nosso país.

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