quarta-feira, 23 de junho de 2010

Presidente do PSDB, cotado para vice de Serra, emprega 'funcionários fantasmas'

No endereço registrado por Guerra como seu escritório de apoio, em Recife, o jornal verificou que apenas uma secretária trabalha no lugar. Ela disse desconhecer os membros da família Costa Oliveira, com exceção de Caio Mário. Em telefonemas, a informação foi a mesma.

Oficialmente, 37 pessoas estão nomeadas nesse escritório -o maior número entre todos os senadores.

Um ato da Comissão Diretora do Senado, editado em 2009 para regular o funcionamento dos escritórios de apoio, prevê que os servidores deem expediente no endereço informado e que a frequência seja atestada mensalmente à direção da Casa. O gabinete de Guerra afirmou que envia o registro de presença, mas não forneceu cópia à Folha.

A Mesa Diretora do Senado disse que cabe aos gabinetes dar informações sobre a frequência dos funcionários. Desde quinta-feira passada, a Folha tenta, sem sucesso, contato com os parentes de Caio. Deixou recados e informou o teor da reportagem, mas nenhum ligou de volta.

Dora Mello, mãe de Caio, disse que só ele trabalha para o Senado: "O Caio é que trabalha com o Sérgio Guerra". Sobre outro de seus filhos, José de Mello Filho, um dos nomeados, ela afirmou: "Ele trabalha no China in Box. Ele não tem nada com o Sérgio Guerra, que eu saiba".

Os irmãos são donos de uma franquia do restaurante chinês. Caio também negou irregularidades e disse que seus parentes foram contratados por serem de sua confiança.
"Eu formei esse grupo para assessorar o senador no exercício do mandato. Se é ético eu não sei, eu sei que estão todos dentro da lei. São pessoas da minha confiança e da confiança do senador. Na política, ou a gente confia ou não confia", disse.

Caio reconheceu que ele e sua família não dão expediente no escritório, mas disse que todos trabalham para Guerra na área de logística. Caio é irmão do publicitário Ângelo de Mello Costa Oliveira. Ângelo não é nomeado pelo gabinete, mas sua agência Aporte Comunicação recebe todo mês, desde abril de 2009, R$ 3.850,00 da verba indenizatória do senador.

Folha de S. Paulo

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