Insatisfeito com Serra, DEM começa a se desgrudar de tucanos
A provável adesão do DEM à reeleição da governadora Ana Júlia Carepa (PT) no Pará, e o apoio declarado do líder do partido na Câmara paulistana, vereador Carlos Apolinário (DEM) ao candidato a governador de São Paulo, senador Aloizio Mercadante (PT e aliados) evidenciam o crescimento da crise vivida pelos demos e pelas candidaturas tucanas de José Serra-presidente / Geraldo Alckmin-governador.
A dissidência do DEM só se amplia
Serra vê assim desmilinguir-se seu principal aliado, o DEM, num momento em que está cercado de crises por todos os lados: permanece em queda contínua nas pesquisas eleitorais há um ano e meio; Alckmin, principal candidato a governador por seu partido no maior colégio eleitoral do país tem sido acusado de fazer corpo mole e se negar a entrar em sua campanha; além do fato de que até agora não tem vice e o DEM não aceita abrir mão da vaga para um tucano ou tucana.
As candidaturas Serra-Alckmin tem problemas ainda mais acentuados
Indefinição amplia encrenca
A falta de um nome para ser o vice na chapa do PSDB e a relutância em escolher alguém do DEM para o posto estão tornando o atual momentoi da candidatura Serra bastante difícil, bem ao contrário do que previam os analistas que, no mês passado, profetizaram que se maio tinha sido o mês bom de Dilma, junho seria o mês bom de Serra.
Serra teria comentado com pessoas de seu círculo mais próximo que não vê nos quadros do DEM nenhum nome que possa somar com a sua candidatura. Setores do partido de direita, no entanto, cobram do aliado paulista o cumprimento do acordo que lhe assegurou a parcela de 40% do tempo de TV para os programas da campanha eleitoral.
O único nome passível de aceitação por parte do DEM, segundo interlocutores de ambas as legendas, seria o do ex-governador Aécio Neves, que já declinou do convite, sugerindo que o senador Tasso Jeireissati ocupasse a vaga. Tasso, por sua vez, também não aceitou a missão por considerar que não tem "o perfil do Marco Maciel (vice-presidente nos dois mandatos de FHC)", em referência ao seu temperamento difícil e conturbado. À exceção de Aécio, qualquer outro nome poderá significar o rompimento do acordo com os democratas, segundo dirigentes da legenda ouvidos pelo site Correio do Brasil.
Serra tem sido taxado, dentro do próprio partido, como centralizador e dono de um humor irascível, fato que o levou a desmentir a versão de mau humorado em seu discurso de lançamento da campanha eleitoral, durante o qual pediu a confirmação ao senador Jereissati, ex-desafeto político nas últimas eleições presidenciais, há quatro anos, e considerado ainda mais irritadiço. Também o acusam de se manter longe da máquina partidária e a decidir a agenda de viagens sem consultar as bases da legenda.
Não têm sido poucas as reclamações, em público, de integrantes do DEM contra a indecisão tucana. Um dos dirigentes do partido aliado aos tucanos disse a um jornalista, na segunda-feira, que já teria "mandado o Serra para os infernos" se o partido tivesse a menor chance de lançar um candidato ao cargo majoritário do Executivo. Setores da direção partidária do DEM, no entanto, ainda tentam negociar as condições para que a legenda se mantenha ao lado dos tucanos, em condições menos desvantajosas do que aquelas apresentadas, até agora, pela direção da campanha serrista.
Um dos bombeiros tem sido o senador José Agripino Maia, líder do DEM no Senado. Ele defende a idéia de que um vice tucano para José Serra não seria um mau negócio, desde que ficassem acordadas as vantagens do partido no caso de vitória da coligação, nas urnas,
Enquanto isso, o tempo para Serra decidir quem será o seu vice se afunila. A convenção nacional do DEM está marcada para o próximo dia 27. No edital de convocação está a aprovação da aliança com o PSDB e a homologação do candidato a vice-presidente na chapa que concorrerá à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se não houver a escolha deste nome, os convencionais do DEM não terão o que votar, assegurou um dos dirigentes do partido. Sem votação não há aliança e, sem aliança, a direita terá registrado o maior golpe desde as eleições diretas para o cargo que, hoje, vêem ficando cada vez mais distante.
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