Seria Arthur Virgílio ligado ao narcotráfico?
Seria o líder do PSDB no Senado Arthur Virgílio ligado ao narcotráfico? A julgar pela lógica demotucana que vem sendo empregada contra o PT, sim. Afinal, Arthur Virgílio recebeu dois representantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que são apresentadas como ligadas ao tráfico de drogas, portanto o senador tucano também estaria ligado ao crime. Não é assim que estão apresentando uma suposta vinculação do PT com as Farc e o narcotráfico?
Arthur Virgílio não só recebeu o representante das Farc no Brasil, Hernán Ramirez, como foi apontado por este como o principal interlocutor do grupo na intenção de instalar uma representação no Brasil, em 1999, portanto durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, como conta matéria da Folha de S.Paulo de 21 de agosto daquele ano. A assessoria de Virgílio confirmou à Folha a visita de membros das Farc ao gabinete do deputado, mas não soube dizer o resultado do encontro.
O encontro entre Virgílio e o integrante das Farc foi confirmada mais uma vez pela Folha, em 11 de outubro de 2002, quando duas notas na coluna de Mônica Bergamo, com os títulos Fantasma 1 e Fantasma 2, retomaram o assunto. Na primeira nota a colunista trata da “ligação” (assim, com aspas) do PT com as Farc por conta de uma visita de Hernán Ramirez ao então governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, em 1999. “Na época, Ramirez visitou também o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), secretário-geral do PSDB e líder do governo no Congresso”, escreveu a colunista.
Na segunda nota, a colunista reproduz fala de Virgílio de que a tal visita só lhe trouxe aborrecimentos, com as declarações de Ramirez de que o senador tucano era o “principal interlocutor” da guerrilha no Brasil. “Eles são malucos, uma espécie de Prona da Colômbia”, diz Virgílio na nota, comparando às Farc ao extinto partido brasileiro fundado por Enéas Carneiro, que posteriormente fundiu-se ao PL, formando o PR. O deputado Marcos Rolim (PT-RS) também é citado na segunda nota considerando que “foi um erro” Olívio Dutra receber as Farc.
Em março de 2005, as supostas ligações das Farc com o PT voltaram a tona com um documento da Abin, apresentado pela revista Veja, que registrava uma promessa de doação de US$ 5 milhões para a campanha presidencial brasileira, em 2002, por parte das Farc, que não mereceu investigação pela falta de elementos suficientes. Os próprios parlamentares que participaram da reunião com o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional e com o diretor da Abin confirmaram que no documento que lhes foi apresentado não havia referência ao nome do beneficiário nem ao PT.
Em matéria da Folha de S.Paulo, de 17 de março de 2005, o senador Aloizio Mercadante afirma que Arthur Virgílio encontrara-se com o padre Olivério Medina, em 1998, na condição de secretário-geral do PSDB. “Ele [Virgílio] disse que estava buscando uma solução pacífica para um conflito armado. Não vejo nada que o desabone”, afirmou Mercadante.
Mas a ressalva de Mercadante não é usada agora depois que o vice Da Costa afirmou com todas as letras e está gravado para quem quiser ouvir que o PT é ligado ao narcotráfico. O pior é que José Serra veio sem seguida, com sua conhecida dissimulação, dizer que que todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, que é ligada ao narcotráfico. Serra não se estende sobre que tipo de relação seria essa. Será que não é exatamente a mesma estabelecida por Virgílio em busca de uma solução negociada para o conflito no país vizinho? Se não for, Serra deveria ter a dignidade de explicitá-la. Caso contrário, permitirá que gente mal intencionada e dissimulada associe o senador tucano ao narcotráfico. E mais ainda, considerando que Virgílio é um expoente do PSDB, também ligar o partido ao narcotráfico. E, por fim, já que Serra é um tucano-mor e candidato a presidente pelo PSDB, também vinculá-lo ao narcotráfico.
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