Dilma sai beneficiada de debate, diz especialista; Serra foi "agressivo"
Do UOL Eleições
Em São Paulo
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, foi a mais beneficiada ao final do debate Folha/UOL realizado nesta quarta-feira (18), na avaliação de Gaudêncio Torquato, cientista político e especialista em marketing eleitoral. "Ela foi quem mais se beneficiou, não que ganhou. Saiu-se muito melhor que no debate da Band [promovido na última quinta-feira, 12]", diz o analista.
"Dilma conseguiu dar conta, e a grande expectativa era ver se ela daria conta. Ela ainda tem erros, dá branco, mas vem crescendo conforme vai participando desses debates", afirma a cientista política Maria do Socorro Braga, da UFScar (Universidade Federal de São Carlos). "Dilma vem mostrando algo que é importante: ela mesma", opina.
Marina e Serra
A especialista apontou Marina Silva, candidata do PV, como a que teve o melhor desempenho no encontro. "Em termos de argumentação e capacidade de responder, a Marina me pareceu melhor", afirma. "Ela tem uma capacidade de retórica muito interessante", diz. Ainda assim, ressalva, "é difícil apontar um vencedor".
"A Marina dominou muito bem a expressão verbal, mas o discurso dela é um pouco recheado de utopia, lirismo", pondera Torquato. "Mas ela foi muito aplaudida no final - as pessoas aplaudem muito o que é bonito, mas inexequível", diz. "Não comprometeu o espaço da Dilma. A tendência dos eleitores é votar em quem está na frente nas pesquisas", afirma.
Já o candidato José Serra, do PSDB, foi alvo da união de Dilma e Marina, segundo Maria do Socorro. "Marina e Dilma estavam muito juntas, pareceu que ficaram mais próximas e contrárias ao Serra", afirmou. "Serra é mais tarimbado no tratamento com o eleitor; pode não ser o mais simpático, mas é uma pessoa que tem experiência e sabe usar as palavras. Ainda assim, ele é muito repetitivo", afirma.
Para o cientista político, a "agressividade" contrastou com a "tranquilidade" de Dilma. "Ela saiu-se muito bem porque foi tranquila. O serra demonstrou muito conhecimento, mas foi muito agressivo", avalia. "A agressividade transpareceu um certo receio de que ele pode perder a eleição. Ele poderia ter sido menos agressivo", afirma.
Formato
A internet passou a ter regras mais livres para a organização de debates entre os candidatos a partir da aprovação da minirreforma eleitoral, em 2009. Com isso, a "Folha de S. Paulo" e o UOL puderam elaborar critérios próprios para um encontro reunindo os candidatos ao Palácio do Planalto. "O debate na internet é muito mais participativo, é um avanço em relação a TV, onde o debate é muito engessado", avalia Torquato. "Foi muito contundente", diz.
"Achei o formato muito interessante, embora ainda fique limitado diante das regras. Algumas discussões poderiam ser aprofundadas, mas se não tivesse esse ordenamento, ficaria difícil", afirma a cientista política da UFScar. "O debate deve atingir um público mais informado e ajudar muito os indecisos", diz.
Gaudêncio Torquato atua como consultor político há 30 anos. Michel Temer, vice de Dilma, foi seu cliente na década de 1980, assim como Mario Covas (PSDB) na década de 1990.
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