Em entrevista ao Terra Magazine, o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembro (DEM), reconheceu que a grande mídia atua abertamente a favor do candidato da oposição, José Serra, e, com isso, provoca desequilíbrio na disputa.
"A mídia está engajada e tem um candidato, o Serra, com isso se perdeu o equilíbrio e é desse embate que nasce a intranquilidade, mas ela é transitória", disse o líder democrata em conversa com Bob Fernandes, do Terra Magazine, na manhã desta quarta-feira (15).
Atual secretário municipal dos Negócios Jurídicos de São Paulo, Cláudio Lembo, do DEM, enfrentou uma gravíssima crise: a dos ataques do PCC em maio de 2006, quando era o governador do Estado. Então, em meio ao embate com o Primeiro Comando da Capital, Lembo disse em entrevista ao Terra Magazine viver um momento de "catarse" depois de ter sido instado "pela burguesia" - também "hipócrita" - a valer-se do "o olho por olho" na reação aos ataques do PCC. Ainda à época desabafou com a colunista Mônica Bergamo: "Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa".
Fernandes questionou Lembro sobre como ele, experimentado também em crises, avalia o esquentamento da atual disputa eleitoral, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparando Lula a Mussolini; o ex-dirigente do DEM, Jorge Bornhausen, o mesmo que disse a famosa frase sobre o PT, "vamos acabar com essa raça" e que agora insinua que Lula é um bêbado e, do outro lado, o presidente Lula pedindo aos eleitores para "extirpar o DEM" da política, e a chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, chamando José Serra de candidato "aético e já derrotado".
"Como o senhor interpreta o cenário todo?", perguntou Fernandes. Lembo respondeu que julga este cenário "transitório e próprio dos momentos que se aproximam da eleição....mas o dramático será no dia 4 de outubro".
Por quê? "Porque não teremos mais partidos políticos, só um movimento social coordenado pelo hoje presidente Lula, o que é ruim para a democracia. Ou seja, o partido que é coordenado pelo presidente da República sobreviverá muito mais como movimento social do que como partido, porque ele não é orgânico", disse.
Para Lembo, a oposição terá "um resultado mau, muito ruim no pleito, e sai sem voz, sem maior possibilidade de apontar os erros do governo, de ser e fazer oposição. Também por erros da própria oposição".
Já sobre o papel da mídia, o dirigente do DEM não nega. "A mídia se engajou, a mídia tem um candidato... o candidato do PSDB, o Serra".
E qual a consequência disso? A consequência é que "com isso se perdeu o equilíbrio, vem o desequilíbrio, é desse embate que nasce a intranquilidade... mas ela é transitória. Havendo só um grande vencedor no pleito, que é o movimento social, e estando a mídia engajada como que está... disso nasce essa intranquilidade".
Com informações do Terra Magazine
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