Em tempo: “Que falta faz um tijolo de cimento”! (Pensamento do Onipresente)
Um diretor do jornal Estado de Minas e um jornalista de Brasília reúnem-se, hoje (21) à tarde, numa discreta confeitaria em Brasília. O assunto da conversa: o depoimento de Amaury Ribeiro Jr. na Polícia Federal.
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador
Amaury realizou no ano passado amplo levantamento sobre as atividades de Serra e de pessoas próximas a Serra. Na época, Amaury trabalhava para o jornal Estado de Minas – próximo de Aécio. A investigação teria como objetivo municiar a turma de Aécio para enfrentar os dossiês supostamente montados por Serra contra o então governador de Minas. Depois, Amaury abandonou o jornal, e teria se aproximado da pré-campanha de Dilma – sem nunca ter-se integrado à campanha petista. Esse era o assunto da conversa hoje, em Brasília.
De repente, o papo é interrompido por um telefonema. O diretor do Estado de Minas atende o celular. Do outro lado da linha, furiosa, está Andréa Neves – a poderosa irmã de Aécio. Andréa está brava com a turma do PSDB de São Paulo, especialmente brava com Eduardo Jorge (que já foi secretário de FHC, e é arrecadador da campanha de Serra). Ela fala tão alto, no desabafo com o diretor do jornal mineiro, que o jornalista de Brasília – ali na mesa da confeitaria – consegue ouvir a voz de Andréa, a saltar do celular.
Por que Andréa (e, por extensão, Aécio) está furiosa?
Porque foi Eduardo Jorge quem vazou para jornais de São Paulo o teor do depoimento de Amaury Ribeiro Jr. Amaury não teria falado uma palavra sobre Aécio ou Minas. Teria assumido toda a história sozinho. Andréa e Aécio querem saber: por que EJ (como é chamado nos bastidores tucanos) vazou uma versão do depoimento que – em última instância – pode jogar a bomba no colo de Aécio?
Serra precisa, desesperadamente, de Minas Gerais para equilibrar o jogo no segundo turno. A capa da Veja – essa semana – cumpriu essa papel: apresentar Aécio de forma simpática, como o fator que pode resolver a eleição em favor de Serra. É como se a Veja e Serra dissessem a Aécio: “Venha com a gente, rapaz, que você será bem tratado!”. Serra deve ter prometido mundos e fundos ao mineiro: preferência para concorrer em 2014, fim da reeleição, muito mais.
Só que as feridas de Aécio ainda sangram. A forma como Serra barrou a pretensão do mineiro, de decidir a candidatura tucana em prévias, deixou sequelas. Serra acenou com dossiês. Barrou Aécio na marra. Agora, tudo isso vem à tona, de novo, com a história do depoimento de Amaury.
Não interessava a Serra vazar essa história agora! Por que, então, EJ jogou contra o interesse de Serra? O motivo seria Serra ter protegido Paulo Preto – quando EJ está em guerra com Preto?
Corte rápido para o outro lado do campo. Uma boa fonte liga-me de Brasília para informar que – na primeira semana do segundo turno – Lula teria dedicado boa parte de seus esforços (com a ajuda providencial de Ciro Gomes) para arrancar de Aécio um compromisso: não entrar de cabeça na campanha de Serra.
O que Aécio vai escolher: ajudar Serra, acreditando que o paulista cederá lugar a ele em 2014? Ou fingir-se de morto, ajudar (ainda que indiretamente) Dilma e virar o líder da oposição?
A irritação de Andréa Neves, na ligação de hoje, dá uma boa pista do que deve acontecer: as relações entre Serra e Aécio desandaram.
Acabo de escrever esse texto e fico sabendo da nota que acaba de ser divulgada pelo PSDB sobre o caso. Está recheada de acusações ao PT. Mas quem conhece os bastidores da política tucana sabe: é uma forma dos tucanos apagarem incêndio e acalmarem a turma de Aécio.
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