sábado, 16 de outubro de 2010

Datafolha abala otimismo tucano e anima militância pró-Dilma

A grande mídia, a oposição e até mesmo lideranças da base governista alimentaram nos últimos dias a suspeita de que a segunda pesquisa Datafolha do segundo turno traria o candidato da direita, José Serra, encostado na candidata da esquerda, Dilma Rousseff (PT). Mas não foi isso que aconteceu.

Dilma continua com 8 pontos de vantagem sobre o tucano e o Datafolha ainda mostra um recorde na avaliação positiva do governo Lula. Foi o que bastou para acabar com o otimismo na campanha tucana e reanimar a militância pró-Dilma. O desencanto da oposição com os números do Datafolha pode ser percebido pelo Twitter. Enquanto os usuários do microblog, alinhados com a candidatura de Serra, reclamavam de suposta manipulação de números, os apoiadores de Dilma comemoravam a dianteira da candidata e a boa avaliação do governo.

O ultra-direitista Reinaldo Azevedo, da igualmente reacionária revista Veja, vociferava contra o instituto de pesquisa: "O Datfolha afronta a matemática...", reclamou o jornalista, que havia postado em seu blog, pouco antes da pesquisa ser divulgada, que o Datafolha traria Dilma com apenas seis pontos de vantagem sobre Serra.

Já o cientista político e sócio da consultoria Arko Device, Murillo de Aragão, comentou em seu microblog que "considerando toda a onda da semana, o resultado do Datafolha é excepcional para a Dilma".

O ex-vereador de Capivari (SP) pelo PT, Luís Antônio Albiero, também usou o Twitter para comentar a pesquisa, mas fez um alerta válido: "Alô, militância #Dilma13. Legal o DataFolha, a Istoé, os programas de TV. Mas não podemos permitir que pesquisas e mídia pautem nosso ânimo!".

Quando a notícia sobre os novos números do Datafolha foi dada no evento do qual Dilma participava na zona leste de São Paulo, a militância ficou empolgada.

Dilma mantém vantagem de 8 pontos

Segundo o Datafolha divulgado nesta sexta-feira pelo Jornal Nacional, o cenário é de estabilidade. Dilma Rousseff (PT) tem 54% dos votos válidos, contra 46% de seu oponente, José Serra (PSDB). Os números são iguais aos registrados na pesquisa realizada na semana passada .

Em votos totais, a petista registrou uma leve oscilação para baixo, passando de 48% para 47%, enquanto o tucano se manteve com 41%. De acordo com a pesquisa, a taxa de indecisos oscilou para cima e agora está em 8% (na pesquisa anterior era 7%). Os que pretendem anular o voto ou votar em branco, 4%, eram em número idêntico na semana anterior.

Para o Datafolha, essa oscilação se explica por uma queda de 3 pontos percentuais entre o eleitorado de menor escolaridade, que representa 47% do total de eleitores no Brasil.

A pesquisa foi realizada nos dias 14 e 15 de outubro com 3.281 eleitores de 202 municípios brasileiros e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi encomendado pela Folha e a Rede Globo, e foi registrada no TSE sob o número 35.746.

Votação por regiões; Dilma cresce no Sudeste

Além dos números gerais, o Datafolha também calculou o percentual alcançado pelos candidatos em segmentos do eleitorado como sexo e nas regiões do país. O quadro ao lado mostra as intenções de voto totais (que não incluem brancos, nulos e indecisos) de Dilma e Serra apuradas pelo instituto.

Entre os homens, Dilma aparece com 51% das intenções dos votos totais, contra 39% de Serra. Já entre as mulheres, Dilma e Serra têm, individualmente, 43% das intenções

No Norte/Centro-Oeste, Dilma foi de 44%, apurados no levantamento de 10 de outubro, para 45%, e Serra manteve os 46% da pesquisa anterior.

No Sudeste, Dilma foi de 41% para 43%, enquanto Serra se manteve em 44%.
No Sul, Dilma foi de 43% para 40%; novamente, Serra manteve o índice anterior, de 48%, de acordo com o Datafolha.

No Nordeste, Dilma passou de 62% para 60%; Serra foi de 31% para 30%.

Presidente do PT diz que candidatura da Dilma voltou a crescer

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, disse que as pesquisas internas de acompanhamento diária da campanha, encomendadas ao Ibope e Vox Populi, indicam uma retomada do crescimento da candidata petista. Segundo Dutra, esse rastreamento mostrou o pior resultado para Dilma na segunda-feira, quando a diferença com o tucano José Serra caiu para 5 pontos. Nesta sexta-feira, disse, a diferença foi ampliada para 10 pontos.

"Pelos nossos levantamentos, essa diferença chegou a 5 pontos, mas agora a Dilma começa a dar uma recuperada", disse Dutra.

Dutra disse ainda que a partir de agora a campanha de Dilma ganha novo impulso, com um chamamento à militância.

O comando de campanha de Dilma reuniu-se na manhã desta sexta-feira em Brasília e, com a presença do presidente Lula, cobrou uma presença maior dos militantes na rua e da própria candidata.

Ficou estabelecida no encontro a estratégia de concentrar a campanha de Dilma nos maiores centros - São Paulo, Minas Gerais e também no Paraná -, mas o Norte e Nordeste não serão descuidados e deve haver eventos na candidata no Ceará, Pernambuco, Bahia e Amazonas.

"Conversamos sobre a necessidade de botar o bloco na rua. Já estamos fazendo isso, conversando com vereadores, deputados estaduais, federais, prefeitos, é um processo de chamamento. Numa disputa como essa a militância faz a diferença. A perplexidade (que houve no fim do primeiro turno) já está superada", afirmou o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Recorde na aprovação ao presidente Lula

A mesma pesquisa Datafolha mostra que a aprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir na reta final da eleição, após meses de estabilidade, e atingiu na segunda semana de outubro seu maior índice desde que o petista foi eleito.

Pela primeira vez, a aprovação do presidente chega a 81% de ótimo/bom, recorde na série histórica do Datafolha.

No levantamento realizado na semana passada, 78% dos eleitores brasileiros consideravam a administração de Lula ótima ou boa. Antes, a melhor avaliação havia sido atingida em 24 de agosto (79%).

O pior momento do petista na Presidência foi entre outubro e dezembro de 2005, quando 28% avaliavam-na como ótima ou boa. Nessa época, Lula enfrentava as denúncias relacionadas ao mensalão.

No levantamento atual, 15% consideram o atual governo regular, enquanto 4% avaliam que ele é ruim ou péssimo.

A nota atribuída ao governo Lula no levantamento atual é de 8,1, ante 8 na semana passada.

www.vermelho.org.br
Cláudio Gonzalez, com agências

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