sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Na contramão de Serra, Aécio fala em "oposição generosa" a Dilma

O PSDB perdeu sua “identidade” e praticamente morreu como partido político. É o que sustenta o ex-governador de Minas Gerais e senador eleito, Aécio Neves, em entrevista à Folha de S.Paulo. Segundo ele, os tucanos precisam promover a "refundação do PSDB" e devem refazer, até maio de 2010, um novo programa partidário, que defenda sem "constrangimentos" as privatizações do governo FHC — mas também defenda estatais como o Banco do Brasil e a Petrobras.

“Vou sugerir um grupo de três notáveis do partido para coordenar essa refundação do PSDB, conduzir conversas com setores da sociedade, instituições organizadas, para que nesse período possamos construir um novo programa partidário”, declara Aécio. Os três nomes a quem ele classifica como "notáveis" são o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato derrotado nestas eleições, José Serra, e o ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati.

No Senado, Aécio promete uma "oposição generosa" à presidente Dilma Rousseff nas discussões sobre as grandes reformas. “Devemos estar dispostos a sentar à mesa na busca de construção de consensos em torno dessas reformas”, diz. “Só uma oposição frágil e insegura se negaria a discutir temas com o governo essenciais à vida nacional.”

É um discurso que vai na contramão do tom agressivo adotado por Serra — que, tão logo perdeu, pela segunda vez, a disputa à Presidência, já se comprometia a atazanar a vida de Dilma. E é mais contraditória ainda em relação às inúmeras escaladas golpistas da oposição demo-tucana nos dois governos de Lula.

Aécio, no entanto, tenta supor que o exemplo negativo é “aquela oposição raivosa exercida pelo PT ao governo FHC, votando contra tudo”. Quer dizer que a oposição a Lula não foi raivosa? “O Brasil está maduro para ter outro tipo de oposição. Não me sentirei diminuído, ao contrário, se for convidado a sentar à mesa com outras lideranças para discutir questão previdenciária, política, tributária, reforma do Estado”.

Ao fim da entrevista, Aécio diz que seu “destino”, com ou sem candidatura, “é no PSDB”. E enaltece Lula, ao ser questionado sobre quem foi o “personagem da eleição de 2010”. Conforme as palavras do novo senador mineiro, Lula “venceu as eleições e temos de reconhecer essa vitória — não nos fragilizarmos a partir dela”.

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