sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Em entrevista coletiva, Rodrigo Maia DEM (RJ) dispararou contra o candidato derrotado à presidência José Serra (PSDB).

A data das convenções extraordinárias do DEM ficou definida, após uma reunião da Executiva na quarta-feira (8), para o dia 15 de março de 2011.

Até essa mudança, o término do mandato de Rodrigo Maia à frente do partido era em dezembro do próximo ano. Com essa luta entre irmãos siameses, antecipa-se o fim de seu mandato, e quem sabe, o fim da sigla.

“A candidatura de José Serra no primeiro turno foi desastrosa. Candidatura que não agregou nada no primeiro turno”, deu o primeiro disparo Maia.

A mistura dos assuntos, fim do mandato com derrota de Serra, chegou a causar confusão.

“Então, o PSDB gerou a crise no Dem?”, perguntou um dos jornalistas presentes, abrindo oportunidade para o segundo disparo de Maia:

“Tudo que esteve ao alcance do senador Sergio Guerra [presidente do PSDB] foi feito. Mas não posso dizer a mesma coisa do candidato José Serra”.

Neste momento, Maia que no discurso também usou palavras como “unidade partidária”, enviou o recado a Aécio: “estão juntos”.

Na véspera da reunião do DEM, o ex-governador de Minas e senador eleito foi convidado por Maia para uma visita de “cortesia” aos parlamentares do partido.

A presença de Aécio foi vista pelos adversários do deputado como uma forma de constrangê-los.

A sinalização de Maia é feita em um momento em que Aécio trabalha pela “revitalização” do PSDB de olho nas eleições em 2014. Na prática, Aécio trabalha para ser o nome do partido para a próxima disputa presidencial.

A ascensão do mineiro pode ser a bóia salva-vidas de Maia uma vez que o grupo rival liderado por Jorge Bornhausen apoiou Serra na última disputa presidencial.

Como o candidato do PSDB perdeu, os aliados de Aécio no DEM apelidaram o grupo de Bornhausen de “viúvas de Serra”.

Quanto à data das convenções esse foi um episódio a parte na disputa de ontem.

Horas antes da reunião, os dois lados sentaram à mesa e acertaram a data para o meio do ano que vem, tendo como indicado para a presidência o senador Agripino Maia (RN).

Apesar do acordo, Maia abriu a reunião dizendo que não havia consenso sobre as datas e como tinha a prerrogativa de marcá-las de forma “unilateral”, definiu para março de 2011.

O contragolpe de Maia foi comemorado pelos alidados. Um dos integrante do grupo do deputado chegou a descrever como “orgástica” a sensação de ver o grupo de Bornhausen “estupefado” com o efeito surpresa da decisão.

Na prática, a mudança da data também serviu como uma senha dada por Maia de que o nome de Agripino não era unanimidade.

Ciente do recado, Agripino saiu da reunião afirmando que não disputa a presidência do partido se não for por consenso, o que, a permanecer o atual quadro, dificilmente ocorrerá.

E sem Agripino, até aqui considerado neutro, o grupo de Bornhausen terá de encontrar um nome para disputar a presidência do partido até março.

No resumo da obra, a tal “unidade partidária” ficou apenas no discurso político, um novo round entre os dois grupos é iminente.

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