O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que, apesar das incertezas e suspeitas do mercado financeiro sobre o aumento dos preços, “a inflação está sob controle e não vai escapar da meta”. Ele admitiu que existe uma elevação de preços de commodities, principalmente de alimentos, em todo o mundo, não só no Brasil.
No caso interno, ele citou que a questão foi mais agravada por problemas climáticos, como a seca que atingiu as culturas de feijão, milho e trigo. “Mas esses produtos já dão sinais de reversão de preços, que devem continuar caindo, e, em janeiro, já vai dar para sentir um maior refluxo dos preços. A carne deve continuar em alta porque há falta do produto no mercado internacional”, disse.
Dentro da meta
O ministro argumentou que, tomando-se a inflação oficial medida pelo IPCA, ao se retirar os grupos alimentos e combustíveis, a inflação anualizada cai abaixo de 5%. “Portanto, ainda estamos dentro da meta, embora um pouco acima do centro”, disse Mantega, lembrando que a meta inflacionária é de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
“Podemos ficar tranquilos porque haverá redução dos preços dos alimentos a partir do início de 2011. Já vimos essa história antes”, disse o ministro, lembrando que, no começo de
Segundo Mantega, além dos alimentos, todo o conjunto da economia está contribuindo para um certo aquecimento da inflação. “Temos a economia crescendo a 7,5%. Quando a economia cresce mais, os preços também sobem um pouco. Mas a inflação está sob controle”, concluiu o ministro, ao deixar a última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, que gastou mais de três horas em homenagens ao seu criador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depreciação do dólar
Outro fator que está pressionando os preços por aqui é a política monetária dos EUA, que provoca uma inflação mundial do dólar. O declínio relativo da moeda norte-americana não se reflete apenas na valorização do real brasileiro e de outras moedas pelo mundo, mas na alta das commodities que têm seus valores referenciados no dólar.
Dias atrás, autoridades chinesas, hoje também às voltas com um expressivo aumento da inflação, atribuíram o aumento dos preços à política monetária expansiva dos Estados Unidos. A orientação do Federal Reserve (FED, banco central norte-americano), que recentemente anunciou a emissão de 600 bilhões de dólares para aquisição de títulos públicos, cria uma "inflação importada" na China, conforme declarações do ministro chinês do Comércio, Chen Deming, em entrevista ao jornal China Business News.
"Em vista da situação atual, as empresas já reagiram e se preparam para enfrentar os ajustes das taxas de câmbio e o aumento do custo da mão de obra", disse o ministro. "Mas, como a emissão de dólares não está controlada e os preços de muitas mercadorias aumentam a nível internacional, a China enfrenta uma inflação importada, o que cria um grave problema de incerteza para as empresas", indicou Chen.
A inflação mundial do dólar também tem a ver com a aceleração dos preços no Brasil. O problema não será solucionado com aumento das taxas de juros, mas deve ser usado como pretexto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para tal finalidade.
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