A migração do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM para o PMDB — e para a base aliada do governo Dilma — começa a sair dos bastidores. Os sinais mais evidentes da transição de Kassab foram dados nesta terça-feira (25), na cerimônia em comemoração ao 457.º aniversário de São Paulo, na sede da Prefeitura, na qual foi entregue a Medalha 25 de Janeiro ao ex-vice-presidente José Alencar.
Ao longo do ato, o prefeito não poupou atenção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à sua sucessora, Dilma Rousseff. Sentados lado a lado, Kassab e Lula falaram bastante durante a cerimônia. O prefeito concedera a mesma medalha ao ex-presidente em 2010. Também estavam no palco o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), com quem o prefeito mantém conversas sobre a troca de partido.
Favoráveis à ida de Kassab para o PMDB, tanto Dilma como Lula tem mandado recados, desde o fim de 2010, para o prefeito, avisando que sua entrada numa legenda da base aliada seria recebida com entusiasmo. Ambos sabem que a adesão de Kassab traz para o lado do Palácio do Planalto a maior prefeitura do país — e avaliam que isso enfraqueceria o PSDB no estado de São Paulo, principal bastião oposicionista.
Lideranças do PT calculam que uma pré-candidatura competitiva de Kassab para o governo de São Paulo, em 2014, ajudaria a interromper a hegemonia tucana no estado — algo para o qual nem a imensa popularidade de Lula foi suficiente fazer nos seus oito anos de mandato.
Mas o ponto central para que essa parceria se consolide está na relação que Kassab manterá com o tucano José Serra. Candidato do PSDB derrotado por Dilma na última eleição presidencial, Serra é o padrinho político de Kassab e seu aliado direto. Dentro do governo federal, a decisão está tomada: Kassab será extremamente bem-vindo e receberá todo o apoio — desde que não faça o jogo de manter um pé em cada canoa.
Dilma espera ter o prefeito como aliado integral, incluindo numa eventual campanha por sua reeleição presidencial daqui a quatro anos. Seria a primeira vez, desde a chegada de Lula ao poder, que o PT teria um candidato presidencial com um palanque muito forte no maior estado do país e dono do maior colégio eleitoral. O que o governo teme é que Kassab entre agora no PMDB, se alie ao governo federal, aproveite parcerias e programas oficiais — mas e em 2014 se alinhe com uma possível candidatura presidencial do amigo Serra.
Como presidente licenciado do PMDB, o vice-presidente Michel Temer ficou responsável por consolidar a ponte de ligação entre Kassab e o governo federal. Dilma quer que seu vice convença o prefeito de São Paulo a repetir seu gesto, quando abriu mão do apoio nacional aos tucanos em troca de uma aliança estratégica com o PT.
Temer apoiou Serra na eleição presidencial de 2002 e ficou ao lado de Geraldo Alckmin em 2006. Nada que o impedisse de se tornar o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma em 2010. O Planalto sustenta que a parceria com Kassab tem de ser feita nos mesmos termos.
Já Kassab, de malas prontas para mudar de partido, pediu aos peemedebistas discrição nas negociações. Quer tonar pública a decisão apenas depois de 15 de março, quando ocorrerá convenção nacional do DEM para a escolha da nova direção. Caso não consiga emplacar a troca de comando no partido, Kassab terá um argumento forte para abandonar a legenda.
O prefeito já comunicou até a lideranças tucanas que pretende mesmo mudar para o PMDB, legenda que lhe daria fôlego para projetos políticos maiores, como a disputa pelo governo paulista em 2014. Aos aliados, afirmou que, mesmo no novo partido, pretende manter a aliança com o PSDB.
Da Redação, com informações do O Estado de S.Paulo
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