sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fusuê no ninho!

Presidente do PSDB de Minas diz que "fila andou" para Serra 

Um dos principais aliados do senador eleito Aécio Neves, o secretário de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais e presidente do PSDB estadual, Narcio Rodrigues, parafraseou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para jogar ainda mais combustível na fogueira em que se transformou a disputa pelo comando nacional do PSDB. Nesta quinta-feira (27), durante visita à Universidade Estadual de Montes Claros, Narcio provocou o ex-governador de São Paulo José Serra ao dizer que a “fila andou”.

A provocação foi motivada após as críticas do correligionário de José Serra e dirigente do PSDB paulista, Raul Christiano, contra Narcio Rodrigues. Via Twitter, Rodrigues usou um texto do petista José Dirceu, que coloca Aécio como a “bola da vez” no ninho tucano. Insatisfeito com o ato, Christiano afirmou que o dirigente mineiro está “dando eco” para Dirceu. Depois da publicação, paulistas e mineiros trocaram mais farpas e o tema acabou repercutindo dentro do PSDB.

Cotado para ser o líder da minoria na Câmara, o deputado federal Paulo Abi-Ackel disse que a discussão sobre o nome do PSDB em 2014 deve ocorrer em alto nível. Porém, Abi-Ackel reforçou a posição defendida por Narcio Rodrigues. “A discussão é natural e pontual, principalmente no início de uma legislatura e um pós campanha traumático. Mas, todos sabemos do papel que temos que desempenhar para consolidar o nome de Aécio Neves”.

Serra quer presidência do PSDB

José Serra, por sua vez, tenta manter seu poder no PSDB ao reivindicar o lugar do senador Sérgio Guerra (PE) na presidência do partido.

Ao lado de interlocutores do atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aliados de Aécio Neves costuram uma operação para fechar as portas do comando do PSDB para Serra. Derrotado na corrida presidencial, o tucano paulista manifesta interesse pela direção da sigla para se manter em evidência.

A dupla personalidade de Geraldo Alckmin

Alckmistas e aecistas teriam liderado abaixo-assinado com mais de 50 assinaturas de deputados federais do PSDB pela recondução de Sérgio Guerra à presidência do partido, na eleição marcada para maio. Admitindo não ter consultado Serra sobre o assunto, Sérgio Guerra nega ter participado da elaboração do documento idealizado por senadores do PSDB: "é um documento dos deputados", afirmou. Alckmin, entretanto, esquivou-se. Ele disse à imprensa que conversou com Guerra e declarou que a discussão sobre o melhor nome para presidir o partido deve ser feita apenas em maio. 

Para limpar campo com José Serra, Alckmin afirmou, ainda, nesta quinta-feira (27), que o seu antecessor terá seu apoio caso queira se candidatar à presidência do PSDB, em maio. "Nem sei se o Serra quer ser presidente do partido. Mas se quiser ser, terá o meu integral apoio", afirmou, em evento de assinatura de convênios na Secretaria de Educação.

A fila andou

O abaixo-assinado foi posto em prática na quarta-feira (26) pela manhã, durante reunião da bancada do PSDB para a eleição de Duarte Nogueira (SP) para a liderança do partido na Câmara, quando mais adesões à ideia foram obtidas.

Narcio Rodrigues não confirmou participação na estratégia, mas lembrou que o PSDB foi derrotado em três eleições e considerou que se a legenda quiser retornar à Presidência da República em 2014, as chances concretas são com Aécio Neves.

"Sem dúvida, o candidato a presidente da República nas eleições de 2014 é o senador [eleito] Aécio Neves. O presidente Fernando Henrique Cardoso já falou a frase mais verdadeira deste período pós-eleições: ‘a fila andou’. O Serra já teve suas oportunidades", disparou Narcio.

Depois de um período afastado das conversas, José Serra voltou a manifestar disposição de participar das reuniões da cúpula tucana, o que vem sendo encarado como sinal de que pretende interferir nos rumos do partido.

Aviltamento à democracia interna

Caciques tucanos da região de Rio Preto, como o senador eleito Aloysio Nunes e o deputado Vaz de Lima criticaram manobra para manter Sérgio Guerra na presidência nacional do PSDB.

Aliado de Serra, de quem foi chefe da Casa Civil no governo paulista, Aloysio Nunes partiu para o ataque com críticas veementes à manobra. “É um aviltamento à democracia interna do PSDB tentar reeleger presidente numa reunião para escolha de líder”, disse à imprensa.

Fim ao continuísmo na cúpula tucana

Já Narcio Rodrigues acredita que a elaboração do abaixo-assinado favorável à recondução de Sérgio Guerra à presidência do PSDB se deu em função do processo eleitoral de 2010 quando, segundo ele, a candidatura do senador mineiro sequer foi analisada.

"Não aceitaremos que nos tratem como nas eleições passadas, onde não analisaram a possibilidade da candidatura do senador Aécio Neves. O PSDB precisa aprender a discutir internamente seus problemas, aprender a buscar caminhos e democratizar suas decisões. Temos que fazer das nossas derrotas um grande aprendizado e não tenho dúvidas de que a renovação, com a presença do Aécio no Congresso Nacional nos próximos anos, vai servir para que se faça uma grande dissertação em torno do nome dele".

O líder tucano defendeu o que chamou de “a hora do fim ao continuísmo” vivenciado pela cúpula do PSDB.

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