quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ninho em polvorosa

 

Isolado por tucanos, Serra acusa o golpe, faz chantagem emocional  e ameaça sair do PSDB (Quem não o conhece, que o compre)

O ex-governador de São Paulo José Serra ameaçou até a sair do PSDB caso fosse completamente isolado das discussões sobre o futuro do partido. Antes de ir a Brasília nesta quarta-feira (9), o tucano manteve conversas com aliados e chegou a pedir ajuda a um governador eleito pelo PSDB em outubro.

Em tom transtornado, Serra classificou como “golpe” a realização de um abaixo-assinado para reconduzir o deputado federal Sérgio Guerra (PE) à Presidência do PSDB — ele está no cargo desde 2007. O ex-governador ficou irritado porque, apesar de ter sido candidato a presidente em 2010, não foi sequer consultado sobre o assunto.

“Se for desta forma, é melhor eu sair do partido”, disse Serra, segundo o iG apurou com deputados tucanos. No sábado teve uma conversa com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Herdeiro da cadeira de Perillo no Senado, Cyro Miranda confirmou o encontro. “Serra disse que estava sendo prejudicado”, contou.

Como forma de amenizar os ânimos, aliados articularam a passagem de Serra por Brasília. Ele participou da reunião da bancada do PSDB na Câmara pela manhã e almoçou com a bancada do Senado. Nas duas ocasiões, foi tratado com deferência em público. Mas, nos bastidores, deputados reclamaram que não foram cumprimentados, e senadores disseram que foram chamados em cima da hora para o encontro.

Rival de Serra na disputa pelo comando do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) tenta evitar um confronto direto. Ele chegou a cancelar um almoço que teria com diretores do jornal Correio Braziliense para não deixar de comparecer ao encontro de Serra com a bancada. Aécio apoia a reeleição de Sérgio Guerra como presidente do PSDB.

Guerra contou que se reuniu com Serra na segunda-feira em São Paulo. “Mas não tratamos de sucessão no PSDB. Falamos só de pendências da campanha de 2010”, disse Guerra. Ele fez questão de prestigiar os dois encontros de Serra no Congresso.

Apesar das aparências, aliados de Guerra e Aécio criticaram Serra. “Queria fazer uma réplica. Ele fez uma ironia ao dizer que tucano tem vocação para segundo marido. Absurdo”, reclamou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). De sua parte, Serra preferiu não responder a perguntas sobre a sucessão no PSDB. “Tudo que a gente fala sobre isso dá problema”, disse. Na reunião da bancada, lançou o que chamou de 11º mandamento: “Tucano não deve falar mal de tucano”.

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