terça-feira, 22 de março de 2011

Irregularidades trabalhistas da Camargo Corrêa motivaram revolta


Desde final de 2009, o Brasil de Fato tem denuciado as péssimas condições de trabalho no local

21/03/2011

Jorge Américo

Radioagência NP

Os conflitos que resultaram na depredação das instalações da usina hidrelétrica de Jirau, no estado de Rondônia, nesta quinta-feira (17), tiveram como pano de fundo a superexploração dos trabalhadores (Desde dezembro de 2009, o Brasil de Fato tem denunciado as péssiamas condições de trabalho no local). Os operários estavam descontentes com irregularidades na relação trabalhista com a empresa Camargo Corrêa, responsável pela construção da usina. Após dias de tensão e ameaças de greve, foi marcada uma assembléia para o dia 27 de março. A situação estava sob controle, quando um trabalhador foi agredido por um motorista da empresa que transporta os funcionários.

Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia, ele teria sido impedido de embarcar porque não possuía autorização para deixar o canteiro. Ao todo, 21 mil profissionais trabalham na construção da usina, sendo que 19 mil são contratados pela Camargo Corrêa. Um deles explica como se deu o início da confusão.

“Eles agrediram esse profissional e os outros se revoltaram. Aí, precisavam só desse ‘pezinho’. Já estavam há muitos dias falando em greve, daí aconteceu isso aí, os caras se revoltaram e tudo começou.”

Momentos após a revolta, a Camargo Corrêa anunciou a paralisação da obra por pelo menos 30 dias. Nesse período, os canteiros estarão ocupados pela Força Nacional de Segurança. O dirigente sindical Altair Donizete de Oliveira afirma que os trabalhadores estão abandonados e não receberam nem mesmo a alimentação. Ele reforça que a crise é uma conseqüência do descaso.

“O trabalhador não tem assistência nenhuma por parte da empresa. É desconto indevido na folha de pagamento, descumprimento de convenção coletiva, a empresa não pagou a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que era para pagar em novembro. Todo dia tem propaganda. Cinquenta vezes por dia, fala que a Usina de Jirau está um ano adiantada no cronograma e a empresa não paga PLR porque diz que não teve lucro. Então, como fica a cabeça do trabalhador.”

Para o integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no estado Francisco Silva, o problema vai além da questão trabalhista.

“É reflexo do autoritarismo das empresas, por não querer negociar, não querer conversar. Isso se reflete na questão da violação de direitos humanos na construção de barragens, tanto dos atingidos quanto dos operários.”

Temendo que o descontentamento dos trabalhadores se espalhasse, o consórcio responsável pela construção da usina de Santo Antônio também paralisou as obras. Ao lado de Jirau, essa usina forma o complexo hidrelétrico do Rio Madeira.

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