Um exame escolar aplicado a alunos da rede estadual de ensino em Minas Gerais apresenta charge com calúnia e difamação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma das questões de uma prova do Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar (PAAE), Lula é retratado entregando dinheiro a políticos.
O governo mineiro é administrado há nove anos pelo PSDB – e desde 1º de janeiro por Antonio Anastasia, sucessor do hoje senador Aécio Neves. A oposição ao governador na Assembleia Legislativa do estado e parlamentares que apoiam o governo da presidente Dilma Rousseff no Congresso organizaram um protesto, pedindo explicações ao Executivo mineiro.
Na polêmica e condenável questão da prova, os estudantes deveriam interpretar o desenho e escolher uma das quatro possíveis respostas da questão. A correta, pelo gabarito do exame, seria a letra “D”, segundo a qual o desenho “sugere, ironicamente, uma relação entre os movimentos sindicais do início da década de 1980 e o ‘mensalão’, refletindo sobre o processo histórico que levou os mesmos personagens de uma luta pela valorização do trabalhador à corrupção política”.
O líder da minoria na Assembleia mineira, deputado Antônio Júlio (PMDB), classificou o exame como uma “forma de agressão, sem precedentes na história, a um presidente do nosso país”. Segundo o peemedebista, “é, no mínimo, uma falta de respeito enorme”.
Antônio Júlio ressaltou que outros trechos da prova também tinham “direcionamento político para beneficiar o PSDB”. O parlamentar deu como exemplo outra questão que falava sobre as privatizações promovidas durante o governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.
“Deram nossas empresas de graça, mas a resposta correta na prova era que as privatizações reduziram o déficit público para permitir ao governo direcionar recursos para áreas sociais”, observou. “É um claro direcionamento para a proposta neoliberal, favorecendo o governo Fernando Henrique.”
Uma cópia da prova foi apresentada pelo deputado estadual Rogério Correia (PT), líder da oposição na Assembleia mineira (formada por PT, PMDB, PCdoB e PRB) aos representantes do estado na Câmara e no Senado. Por meio de nota, o bloco protestou contra o exame e afirma que o caso tem “gravidade tripla”. Além de usar recursos públicos para fazer “luta partidária”, a prova traz “conduta caluniosa” por “impor uma versão unilateral” em um caso em que não há “sequer acusação formal a Lula”.
O Estado de S. Paulo
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