quarta-feira, 6 de julho de 2011

Brizola Neto: o BNDES e a cara de pau tucana

Chega a ser irônico que os tucanos estejam falando em CPI sobre a possível participação do Bndespar na operação de fusão do Pão de Açúcar com o francês Carrefour. A autoridade moral do tucanato, neste assunto, está abaixo de zero.

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

Primeiro, seria o primeiro caso de investigação em CPI de um negócio que pode ou não acontecer. Mas desconsideremos esta “inovação jurídica” e lembremos do que os tucanos fizeram com o BNDES. Usaram o dinheiro do banco — dinheiro do Tesouro, não o da empresa de participações, como agora — para financiar a compra de nossas estatais.

O grupo americano AES pegou todo — isso mesmo, todo! — o valor que pagou para comprar a Eletropaulo no BNDES em 1998, sob o governo do festejado FHC. Foram duas as operações, num total de R$ 2 bilhões. Para assumir controle e a gestão da companhia, a AES recebeu o equivalente a US$ 900 milhões.

Apenas um dia depois, pediu e ganhou mais US$ 1,1 bilhão para comprar o restante da empresa, que era dos franceses da Light e concentrar tudo no grupo controlador AES. Não pagou a dívida e forçou o BNDES a converter em ações e debêntures US$ 1,3 bilhão de dívidas. E, perdoar, casso a empresa honrasse, daí em diante, os juros e multas de mais de R$ 560 milhões.

Isso foi, aliás, uma das últimas contendas entre Leonel Brizola e integrantes do recém-instalado governo Lula. Aliás, parte do governo, inclusive a então ministra de Minas e Energia, tinha ganas de retomar a empresa e só não o fez por uma avaliação de que a estatização de uma empresa americana ia detonar um movimento “terrorista” da direita muito ruim para a estabilidade do governo.

A AES pegou dinheiro público para comprar o que já era nosso, chantageou ou governo e ameaçou deixar entrar em colapso o fornecimento de energia a São Paulo. Extorquiu os consumidores, obrigando-os a assinar termos de reconhecimento de dívidas atrasadas — sem validade, segundo a lei — sob ameaça de corte de luz, demitiu metade dos empregados, enviou centenas de milhares de dólares para a matriz — que andava mal das pernas — e investiu muito pouco na qualidade dos serviços.

O PSDB topa colocar os dois negócios na balança, mesmo que um deles ainda não esteja concretizado? Vamos ver onde é que tem cheiro de maracutaia. Vai ser muito bom. Vai ser muito esclarecedor para a população ver como eram os negócios de Estado na gestão Fernando Henrique.

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