Antonio Anastasia, governador de Minas Gerais, é tão dissimulado e matreiro quanto seu criador, o tucano Aécio Neves. Ele finge manter uma relação civilizada, “uma convivência administrativa harmônica”, com a presidenta Dilma Rousseff. Mas, na primeira oportunidade, ele bica com violência, sem dó nem piedade. O tucano parece um escorpião traiçoeiro.
Por Altamiro Borges, em seu blog
Nesta semana, ele fez coro com a bancada demotucana e defendeu a criação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional para apurar as denúncias de corrupção envolvendo o governo federal. “A CPI é um bom instrumento de averiguação”, afirmou o governador para a alegria do “calunista” Fernando Rodrigues, do jornal FSP (Folha Serra Presidente).
Testa-de-ferro de Aécio
Anastasia é um testa-de-ferro de Aécio. É um ardoroso defensor da sua candidatura presidencial em 2014. Tudo que ele faz e fala visa pavimentar o caminho do seu padrinho político, “que tem todas as condições de ser vitorioso”. Só os ingênuos, que parecem lotar os corredores pragmáticos do Palácio do Planalto, acreditam no seu “relacionamento respeitoso” com a presidenta Dilma.
Sua defesa da criação da CPI é pautada pela mídia demotucana, que voltou a carga com seu moralismo udenista. No ano passado, quando da fratricida briga interna no PSDB entre os presidenciáveis Serra e Aécio, a imprensa serrista de São Paulo fez matérias “tóxicas” contra o ex-governador mineiro. Criticou a sua gestão e até levantou suspeitas de corrupção dos tucanos mineiros.
Blindagem da mídia demotucana
Agora, porém, ela volta a blindar Aécio Neves, o provável candidato da direita nas eleições de 2014. Ela dá a palavra ao matreiro Anastasia, que defende a CPI contra Dilma Rousseff, mas nada fala sobre as dezenas de pedidos de averiguação de maracutaias no governo de Minas Gerais abortadas pelos demotucanos na Assembléia Legislativa.
A operação abafa é brutal no estado. Aécio e Anastasia montaram uma ampla base de apoio no parlamento que implode qualquer tentativa de apuração das sujeiras. Além disso, eles exercem forte influência sobre o Poder Judiciário e mandam na mídia privada, usando a publicidade e outros recursos para “seduzir” jornais, rádios e emissoras de televisão – num típico mensalão da imprensa.
Operação abafa
Como denuncia o bloco Minas Sem Censura, que reúne os partidos de oposição, os pedidos de CPIs “já fazem fila na Assembléia Legislativa, com indícios de superfaturamento de obras, dispensa ilegal de licitações e pagamentos antecipados”. Já o Ministério Público Estadual efetua “apurações de mentirinha (ressalvadas as honrosas exceções)” e a mídia mineira “dispensa comentários”.
Conforme o bloco sempre enfatiza, “os oito anos de governo Aécio tiveram menos CPIs do que no período da ditadura militar”.
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