sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Distribuição funcional da renda

João Guilherme Vargas Netto *

 

 O produto, a renda e a despesa nacionais são os três grandes agregados de uma economia e se equivalem monetariamente. Destes, o mais conhecido e falado é o produto, sob as denominações de produto interno bruto e produto nacional bruto. Quero falar sobre a renda e sua distribuição funcional.

Na distribuição funcional da renda, esta é agrupada segundo sua apropriação conjunta, basicamente, pelos trabalhadores e pelas empresas, bancos, donos de terra, rentistas e recebedores de aluguel. Algumas vezes separam-se também os impostos sobre produção e importação.

A distribuição funcional da renda revela, como um instantâneo fotográfico, a parte dos salários na economia nacional; se alta, este dado é positivo para a economia e para os trabalhadores; se baixa, há uma exagerada concentração de renda em benefício dos possuidores de bens e de dinheiro.

As grandes economias capitalistas têm, em geral, 60% ou mais da renda apropriada sob a forma de salários. No Brasil, a queda acelerada da participação dos salários na renda nacional deu-se a partir dos anos de ditadura militar, por forte crescimento econômico e acelerada concentração de renda. Já tivemos, em 1960, uma situação em que 50% da renda eram salários; caiu para menos de 40% durante os anos 90.

O jornal Folha de S. Paulo em matéria publicada no dia 7 de agosto (de Mariana Schreiber) analisou a distribuição funcional da renda nos anos recentes no Brasil com o título “Salário sobe em ritmo maior do que o lucro das empresas”.

A matéria revela, a partir de dados do IBGE, que a participação dos salários na renda nacional começou a subir nos últimos seis anos passando de 39% para 43%. Este é, em resumo, o resultado quantitativo da conjuntura favorável e da ação do movimento sindical (em particular os aumentos reais do salário mínimo).

Aumentar a participação dos salários na renda é uma das tarefas estratégicas do movimento sindical. A notícia é duplamente saudável: pelo que representa e pelo que lutamos para conquista-la.

É o melhor caminho para enfrentar as dificuldades e garantir para o Brasil, garantindo para os trabalhadores, o melhor futuro possível, com o protagonismo social relevante do movimento sindical dos trabalhadores.

* É consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo

 

 

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