Câncer de Lula vai servir de lição (Gilberto Dimenstein, um grande IDIOTA)
Possivelmente o câncer de Lula servirá como a mais forte campanha popular de que se tem notícia no Brasil contra o fumo --afinal, há uma forte associação entre o câncer de laringe e o cigarro.
Enquanto todos estivermos acompanhando (e torcendo para que o tratamento dê certo), o país vai conhecer, como nunca conheceu, os efeitos no cigarro, apesar de tantas campanhas realizadas há tanto tempo.
Nunca tivemos um personagem tão popular e tão próximo dos mais pobres com um câncer ligado diretamente ao fumo.
Justamente nas camadas mais baixas o hábito de fumar tem caído com muito menos velocidade do que entre os mais ricos. E justamente na laringe, por onde passa a habilidade de Lula em convencer as pessoas em seus discursos.
Infelizmente é desse jeito, com as pessoas sentindo-se próximas e vulneráveis diante de uma ameaça que se consegue mudar atitudes.
Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.
Comentário:
O sentido de sua crônica horrível é este: “Viu? Quem mandou fumar?” Não pára aí: “Justo na laringe, hein???” E encerra com um norte moral. O terror é didático.
Vejam como são as pessoas iluminadas: Abaixo, o que diz MARCIA CABRITA!
Márcia Cabrita
"As pessoas cobram muito de quem tem câncer"
Em tratamento contra um tumor de ovário, a atriz diz que, sem querer, muita gente culpa o paciente pela doença e atribui a ele a responsabilidade pela cura
Eliane Lobato
VAIDADE
Márcia não descuida da aparência. Está usando peruca
e retoca cílios e sobrancelhas com maquiagem
A atriz e comediante Márcia Cabrita, 47 anos, recebeu o diagnóstico de tumor de ovário em março. Agora, ela acredita ter aprendido muita coisa nestes últimos sete meses a respeito de como se sente, de verdade, um paciente com câncer. Descobriu, entre outras coisas, que, mesmo sem querer, muita gente acaba jogando sobre os ombros do doente culpa e cobrança ao dizer, por exemplo, que a origem da doença está em uma mágoa não superada ou que é preciso manter o pensamento positivo sempre. “Atribuir ao esforço e à motivação interna do doente a capacidade de cura também é uma crueldade”, disse nesta entrevista à ISTOÉ. Sem falar do “olhar pé na cova”, como ela se refere às pessoas que falam “que bom te ver!”, mas cujo olhar não disfarça a surpresa por ela “ainda” estar viva, e bem.
"Um conselho a quem está doente é: não ‘consulte’ a internet.
Informe-se sempre com os médicos"
Márcia retirou os ovários e o útero, a quimioterapia está dando certo e seu prognóstico é de cura. De sua casa, no Rio de Janeiro, ela compartilha a experiência no blog Força na Peruca e se anima com as mensagens dos internautas. Quando a quimioterapia não a deixa debilitada demais, sobe ao palco para encenar a comédia “Tango, Bolero e Cha Cha Cha”, em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Rio. Separada, é mãe de Manuela, 9 anos.
"Todos dizem que o importante é viver, que o cabelo é o de menos.
Mas a gente sofre por perder os cabelos, sim.
Não é legal ficar careca, caramba"
O sorriso de Giane (por Márcia Cabrita)
Bom mesmo é saber que existem pessoas que escolheram a oncologia como razão de viver
Qualquer pessoa que recebe um diagnóstico de uma doença grave, evidentemente, sofre. Uma pessoa pública, além de passar por tudo que os anônimos passam, ainda tem que lidar com a superexposição involuntária. “Ossos do ofício”, diriam alguns. Eu diria “maluquice do ser humano”. Todos nós temos uma curiosidade muito esquisita. Como pode o cara mais lindo do Brasil ter a mais temida das doenças? Tem possibilidade de cura? Ele já tá careca?
É igual o da Dilma? Os médicos são obrigados a dar explicações a todos, ávidos por um boletim que deveria ficar guardado.Todo mundo mete o bedelho. Uma foto dando uma volta no quarteirão deve valer uma grana... Não sei exatamente a explicação que Freud daria a esse estranho fenômeno. Por que uma fase tão triste de alguém é tão atrativa? Por que será que o sofrimento alheio vende tantas revistas? Isso mesmo. A-lhe-i-o. Bem bom saber que isso só acontece com os outros. A revista nos garante uma distância segura. Talvez seja uma maneira de exorcizar fantasmas que nos assombram.
Acredito que muitas das explicações “amadoras” dadas às causas do câncer sejam uma espécie de autoproteção.
O medo é tanto que simplesmente inventam-se desculpas para explicar o inexplicável. “Câncer é carma.” Na minha opinião essa é uma maneira de legitimar a culpa. Ora bolas, simplíssimo, você está doente porque cometeu um grave erro quando era um sapateiro de Maria Antonieta. Você quando era Cleópatra aprontou poucas e boas! Simples, não? Agora pague. “Câncer é tristeza.” Ficou muito triste? Culpa sua também, não deveria ter tido o sentimento que todos os seres humanos têm. “Câncer é poluição.” Quem mandou respirar? Será que se eu tivesse me mudado para a Floresta Amazônica não teria câncer? Aliás, lá não tem câncer?” Será que não foi você mesmo que deixou que isso se fabricasse dentro de você?” Não, sumidade da inteligência e sabedoria! Qualquer um deseja coisas bem melhores para si mesmo do que intermináveis sessões de quimioterapia. A culpa é uma praga da qual não é fácil se livrar. Bem, se ninguém ainda disse isso, eu digo: NÃO É CULPA DE NINGUÉM! Atentem para o fato de que todos esses mitos, preconceitos e crendices só existem em relação ao câncer, ainda que existam outras doenças tão ou mais letais. A busca do motivo e da culpa simplesmente não interessa, o importante é o que vem daqui por diante.
Daqui a pouco certamente deverão começar as cobranças de responsabilidade quanto à cura. Sim, existe no subconsciente, ou no consciente mesmo, a ideia de que a cura está ligada a algum tipo de merecimento. Os bonzinhos serão curados e os mauzinhos não. Culpa novamente. “A cura está somente na sua cabeça”, mais uma maneira de atribuir ao doente tudo que acontece de bom e de ruim.
A facilidade de informação também enlouquece qualquer doente, basta uma googada para saber quantos por cento se tem de chances. Oh, céus, isso só serve para apavorar, não se sabe em que lado da percentagem se está, portanto o que interessa é que há chances de cura e pronto.
Duro também é ter que ouvir todas as curas milagrosas: “Você tem que experimentar aquele chazinho cultivado pelas virgens do norte da África, minha tia velha morreu, mas é ótimo!” Receita da tia que morreu? Credo!
Bom mesmo é saber que pessoas se interessam em pesquisar durante anos em um microscópio como se desenvolve uma célula maligna. Bom mesmo é saber que pessoas têm talento para virar a noite nos hospitais para te dar o remédio na hora certa, bom mesmo é saber que existem pessoas que escolheram a oncologia como razão de viver, bom mesmo é saber que um maqueiro de hospital pode se revelar um cara que gosta do que faz. Bom mesmo é sentir o amor de quem nos ama de verdade. O resto, deixa pra lá. Seu sorriso continua lindo e os efeitos da químio não vão apagá-lo.
Márcia Cabrita é atriz
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