É mais que evidente o racha da cúpula do tucanato quando o que está em jogo é o poder – dentro e fora da sigla. Além das disputas internas para o comando da legenda, as perspectivas eleitorais de 2012 e 2014 também são fonte de grande desentendimento entre os caciques da direita conservadora e neoliberal brasileira.
As divergências entre os tucanos extrapola o debate interno e ganha a visibilidade dos eleitores através de declarações na mídia ou mensagens postadas em microblogs particulares.
Os protagonistas do último episódio de discórdia entre os tucanos foram o senador mineiro Aécio Neves e o ex-governador de SP e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2010, José Serra. O anúncio público de Aécio, que se autointitulou o candidato das forças reacionárias na sucessão presidencial de 2014, foi rebatido por Serra através do Twitter.
Nesta quarta-feira (12) ele afirmou em sua página oficial que a oposição deveria evitar a antecipação do debate sobre a disputa de 2014 e se preparar para as eleições municipais do próximo ano. Em mensagem, Serra – que perdeu a eleição do ano passado para a presidente Dilma Rousseff – escreveu que "querer colocar o carro adiante dos bois só atrapalha e desorganiza a oposição".
Políticos interpretaram o comentário do ex-governador como uma reação aos movimentos mais recentes de Aécio, que apenas nas últimas semanas já manifestou em dois momentos distintos sua disposição em disputar as eleições de 2014. Políticos ligados a Serra afirmam que ele também alimenta o sonho de concorrer – pela terceira vez – ao cargo de presidente.
Aécio tem dito a seus aliados que o PSDB deveria discutir o nome de seu candidato no início de 2013, mas já começou a demarcar território e sua movimentação tem incomodado o ex-governador e seus aliados.
Serra e Aécio se enfrentaram na última corrida presidencial pela indicação do partido. Na época, para evitar desgastar sua imagem, Serra fugiu do confronto e retardou o lançamento de seu nome até que Aécio decidiu se afastar da disputa.
Sem um mandato que lhe dê maior visibilidade, Serra tem enfrentado dificuldades para recuperar a influência dentro do partido. Em âmbito nacional, a situação para ele também não é das melhores. Seu nome é lembrado como o candidato derrotado por Lula em 2002 e por Dilma em 2010.
Os tucanos também enfrentam dificuldades políticas. Durante a mesma entrevista em que se autointitula o candidato do PSDB à disputa presidencial, Aécio reconhece a fragilidade e a divisão que atualmente caracterizam a legenda, que tem “dois anos para se viabilizar”. “Estamos procurando refundar o PSDB em seu discurso.”
Num reconhecimento implícito de que os tucanos fracassaram no discurso e na prática, acrescenta: “O PSDB tem de se apresentar como partido que tem a nova agenda para o Brasil”. Acontece que é muito difícil apagar da memória do povo brasileiro o atraso a que relegaram o país durante os dois mandatos do seu guru, FHC.
Mariana Viel
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