O aumento da repressão por parte da Polícia Militar em São Paulo não é apenas uma percepção e tampouco esse tipo de abordagem é voltada somente para reprimir movimentos sociais, como o observado no caso do Pinheirinho, da Cracolândia e da USP. Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, nesta sexta-feira (27), informa que, das 1.299 pessoas mortas na capital no ano passado, 290 foram atingidas por PMs — 22,3% do total.
Isso significa que, uma em cada cinco pessoas assassinadas na capital paulista, em 2011, foi morta por um policial militar, estivesse ele em serviço ou não. Essa é a maior média de mortos por PMs desde 2005, proporcionalmente ao total de pessoas assassinadas na cidade.
De acordo com um levantamento feito em 2011 pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo, entre 2005 e
Mães de maio
A imunidade de que gozam estes policiais preocupa. Em maio de 2006 mais de 500 pessoas foram assassinadas, e no mínimo quatro desapareceram no Estado durante os oito dias de confrontos entre a polícia civil e militar e o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Somente na cidade de Santos, no litoral paulista, houve mais de 70 mortes, sendo que as investigações desses casos foram falhas e praticamente todos os casos foram arquivados, segundo a associação Mães de Maio. A chacina de maio fez mais vítimas do que a última ditadura militar brasileira no país inteiro nos 25 anos que ela perdurou (1964-1988). As mães lutam até hoje, quase seis anos após os acontecimentos, por verdade e justiça.
Negros são principais vítimas
Cabe ressaltar que essa violência tem ainda um recorte racial. De acordo com o estudo “Mapa da Violência 2012 —os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil”, feita em todo o país e coordenada pelo prof. Julio Jacobo Waiselfisz, em cada três pessoas assassinadas, entre 1998 e 2008, duas eram negras, sendo a maioria de jovens pobres do sexo masculino, entre 15 e 24 anos. Segundo o levantamento, em 2008 morreram 103% mais negros que brancos. Dez anos antes, em 1998, essa diferença já existia, mas era de 20%. O estudo revela ainda que de 2005 para 2008 houve uma queda de 22,7% nos homicídios de pessoas brancas; entre os negros, as taxas subiram 12,1%.
Vítimas da “democracia”
Além disso, outras chacinas ocorridas no país seguem impunes como o Massacre do Carandiru (1992) — o maior masscre carcerário da história do país, até hoje sem o devido julgamento e respectiva responsabilização; a Chacina da Candelária (1993) — dado o simbolismo e a repercussão do extermínio de crianças e adolescentes que dormiam na frente de uma das principais igrejas no centro do Rio de Janeiro; e o Massacre de Eldorado dos Carajás (1996) — a mais violenta matança no campo desta era democrática no Brasil, que também segue impune, mesmo tendo vitimado dezenas de trabalhadores rurais sem-terra que lutavam por seus direitos.
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